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MISTÉRIO MUNICIPAL
Ninguém na Câmara de São
Paulo parece capaz de esclarecer uma dúvida dos paulistanos:
quem são os responsáveis pelas
emendas ao projeto do Plano Diretor
que alteraram o zoneamento da cidade? O mistério valeria bem para um
romance de detetives, mas é deletério
para a imagem de uma casa obrigada
à transparência de seus atos.
Esta Folha já se manifestou favorável a que a prefeita Marta Suplicy vete
essa parte do Plano Diretor. Ainda
assim, gostaríamos que os responsáveis pelas emendas se identificassem
perante seus eleitores e tentassem
justificar as alterações no zoneamento presentes no texto final do projeto.
O sumiço dos autores ficou ainda
mais constrangedor para o Legislativo no momento em que o Ministério
Público solicitou ao presidente da
Câmara que revelasse os seus nomes. Prescreve hoje o prazo para que
as informações sejam encaminhadas
aos promotores. O relator do projeto, Nabil Bonduki (PT), disse que recebeu determinação de incluir as
emendas do vereador petista José
Mentor. Este, por sua vez, diz que havia um acordo para não revelar os nomes dos autores das emendas.
Enquanto ninguém assume a responsabilidade política pelas mudanças no zoneamento da cidade -feitas ademais sem discussão com os
moradores das áreas afetadas-, aumentam as manifestações de setores
representativos da sociedade civil a
favor do veto. Na edição de ontem
desta Folha, foi a vez de o presidente
do Secovi (sindicato das imobiliárias
e construtoras) propugnar pela supressão das mudanças. Afinal, se
não há defensores das alterações,
tanto melhor para a prefeita: optando pelo veto, não deparará com nenhuma ameaça de desgaste, ao menos no plano visível da política.
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