São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Semana da Pátria

THEREZINHA ZERBINI

Nós mulheres temos um profundo amor por nossa pátria, pois ela é a nossa casa, berço e túmulo, de nosso começo e fim.
A pátria é o solo, rios, a natureza, o espaço aéreo. Nossas rotas marítimas, fauna e flora, que, por dever de soberania, nós cidadãos não podemos concordar em cessão de parte, por menor que seja, sob nenhum pretexto.
Nessa hora de incertezas e tudo num vir a ser, temos, por direito de cidadania, de dar a nossa mensagem de esperança, que é virtude revolucionária, pois somos 50% da população e queremos a revolução do amor, do bem-querer.
Ao voltarmos os olhos para o passado, encontramos Anita, mulher do índio Felipe Camarão, ajudando na expulsão dos holandeses de Pernambuco. Bárbara Heliodora e as mulheres de Vila Rica, sonhando e ajudando a construir a liberdade.
Na Bahia, Maria Quitéria, heroína da pátria, hoje em todos os quartéis tem o seu retrato entronizado na sede de Comando; ela e bravas companheiras -mais de 200- ajudaram a expulsar o general Madeira e suas tropas -que voltassem para Portugal. Soror Angélica, na Bahia, priora de conventos, ajudava, na retaguarda, a resistência, cuidando dos brasileiros feridos e foragidos. No Sul, Ana Terra, as farroupilhas, todas patrioticamente por um país livre e independente.
Em 1975, março, nós, do Movimento Feminino pela Anistia, estivemos presentes, acudindo a convocação da ONU, que havia organizado o Ano Internacional da Mulher, cujas consignas eram: igualdade, desenvolvimento e paz.
Nós escolhemos o campo da paz, pois vivíamos a noite de trevas da ditadura. A nossa pregação era reconciliação e unidade nacional. Corremos o Brasil inteiro, organizamos o país em núcleos.


Um país que se formou em torno de uma cruz tem que desenvolver valores espirituais, e o patriotismo é um deles


Pela nossa tradição, um país que se formou em torno de uma cruz tem que desenvolver valores espirituais, e o patriotismo é um deles. Devemos orar pelo progresso de nossa pátria. Quase sempre apontamos as falhas, mas pouco fazemos para corrigi-las.
Quem não dá exemplo de honestidade, amor ao próximo e exerce com brio a cidadania se desqualifica. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) tem documentos próprios que estimulam as boas práticas.
Cabe a nós apoiar a todos, CNBB, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), os bons políticos. Na hora de definições globais, nós não devemos ceder território pátrio sob nenhum pretexto. Lutamos para que os países emergentes se unam para fortalecer os mais pobres, desamparados; conclamamos os homens de boa vontade a se empenharem no bom combate para um mundo mais justo e fraterno.


Therezinha de Godoy Zerbini, 74, advogada, é vice-presidente da Confederação Nacional de Mulheres.



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