São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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Anel de pedágios

É PROBLEMÁTICA a proposta do secretário dos Transportes do Estado de São Paulo, Dario Rais Lopes, de privatizar o Rodoanel e ali instalar pedágios. Para Lopes, essa é a melhor forma de assegurar a continuidade da obra, cujo trecho sul deve ter a construção iniciada em breve.
O argumento financeiro é verossímil, sobretudo quando se considera que o governo federal e a prefeitura paulistana, que seriam sócios do Estado nesse projeto, não têm repassado as verbas como deveriam. Mas cabe ao secretário demonstrar com números que o Rodoanel é inviável sem os pedágios. Se não for, parece preferível manter a idéia original de via gratuita.
Entregar a construção e a exploração de rodovias à iniciativa privada é uma atitude justa e, no mais das vezes, necessária. O Rodoanel, entretanto, foi concebido para integrar as várias estradas que saem da capital paulista e, assim, aliviar o trânsito de caminhões nas marginais Tietê e Pinheiros -é isso, aliás, que justifica o investimento público.
Pedágios no Rodoanel atentariam contra o objetivo da construção da via. A rota perimetral deixaria de atrair veículos, que continuariam a desaguar nas marginais. Todas as formas imagináveis para tentar contornar esse problema -e manter a atratividade do Rodoanel- redundariam em novos inconvenientes, cujo encaminhamento não seria nada trivial.
Se o governo do Estado pretende mesmo contrariar promessas passadas e mudar a concepção do Rodoanel, precisa, além de demonstrar a necessidade de fazê-lo, apresentar um projeto que dê conta das complexidades da iniciativa. Afinal, se o Rodoanel metropolitano começar a repelir veículos, em vez de atraí-los, nenhuma empresa será incentivada a investir capital na obra em troca de uma receita no mínimo incerta.


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