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Anel de pedágios
É PROBLEMÁTICA a proposta
do secretário dos Transportes do Estado de São Paulo,
Dario Rais Lopes, de privatizar o
Rodoanel e ali instalar pedágios.
Para Lopes, essa é a melhor forma de assegurar a continuidade
da obra, cujo trecho sul deve ter
a construção iniciada em breve.
O argumento financeiro é verossímil, sobretudo quando se
considera que o governo federal
e a prefeitura paulistana, que seriam sócios do Estado nesse projeto, não têm repassado as verbas como deveriam. Mas cabe ao
secretário demonstrar com números que o Rodoanel é inviável
sem os pedágios. Se não for, parece preferível manter a idéia
original de via gratuita.
Entregar a construção e a exploração de rodovias à iniciativa
privada é uma atitude justa e, no
mais das vezes, necessária. O Rodoanel, entretanto, foi concebido para integrar as várias estradas que saem da capital paulista
e, assim, aliviar o trânsito de caminhões nas marginais Tietê e
Pinheiros -é isso, aliás, que justifica o investimento público.
Pedágios no Rodoanel atentariam contra o objetivo da construção da via. A rota perimetral
deixaria de atrair veículos, que
continuariam a desaguar nas
marginais. Todas as formas imagináveis para tentar contornar
esse problema -e manter a atratividade do Rodoanel- redundariam em novos inconvenientes, cujo encaminhamento não
seria nada trivial.
Se o governo do Estado pretende mesmo contrariar promessas passadas e mudar a concepção do Rodoanel, precisa,
além de demonstrar a necessidade de fazê-lo, apresentar um
projeto que dê conta das complexidades da iniciativa. Afinal,
se o Rodoanel metropolitano começar a repelir veículos, em vez
de atraí-los, nenhuma empresa
será incentivada a investir capital na obra em troca de uma receita no mínimo incerta.
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