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SERGIO COSTA
O teorema de Serfiotis
RIO DE JANEIRO - O tucano Riverton Mussi, prefeito de Macaé, no
norte do Estado do Rio, declarou
seu voto em Lula: "Ele abriu as portas aos municípios do interior".
Traição igual promete fazer quem
deveria estar coligado no apoio a
Alckmin, Jorge Serfiotis (PFL), de
Porto Real, no sul fluminense: "Ele
[Lula] vai ganhar a eleição. Tenho
que pensar no município", disse.
Pragmáticos e dependentes de
outros poderes, prefeitos de norte a
sul molham o dedo para testar a direção do vento a cada eleição. Como
a deles é separada das grandes disputas, sentem-se liberados para
cuidar de interesses paroquiais.
Lula sabe bem disso. Tanto que
juntou, no último fim de semana,
no Rio, 52 prefeitos em torno dele.
O discurso foi direto: o Bolsa-Família atende a 422 mil no Estado, mas
era para chegar a um milhão. Em
vez dos R$ 294 milhões gastos em
2005, poderia ter investido uns R$
500 milhões. Meio bilhão.
Ou seja, há dinheiro em caixa para umas bondades pelo interior. Se
o programa assistencialista que
atende mais de 11 milhões no país
enfuna a vela da candidatura presidencial, poderia também soprar a
favor dos prefeitáveis em 2008.
Sem máquina, em 2002, Lula visitava umas cinco cidades por dia.
Quando José Serra, mais ligado na
TV, acordou para a necessidade de
dar atenção aos municípios, grande
parte já havia optado pelo rival.
Ao construir um terceiro palanque no Estado pelo interior, Lula
expõe o samba do afro-brasileiro
doido que dita o ritmo da política
geral e da fluminense em particular, expresso pelo prefeito Serfiotis
em sua justificativa de voto. "Pensando no município", vai ter muita
gente traindo seus -em tese- candidatos naturais a presidente e a governador. Vão defender chapas sem
pé nem cabeça, que só atestam a falência dos partidos. Uma desarticulação que tenta os caudilhos.
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