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RUY CASTRO
Vida virtual
RIO DE JANEIRO - Pesquisa divulgada há pouco revelou que, no
mês de julho, o internauta brasileiro passou 23 horas e 30 minutos navegando na internet. Essa marca é
uma hora e três minutos maior que
a de junho, que, por sua vez, era
quase uma hora maior que a de
maio, e assim por diante. Ou seja, de
30 em 30 dias, o brasileiro fica mais
tempo ligado à rede.
Significa também que, a cada 30
dias, o brasileiro já está passando
quase um dia inteiro com os olhos
na telinha, os dedos no mouse ou no
teclado, as pernas criando varizes, a
coluna indo para o beleléu e o cérebro mais na virtual que na real.
Apenas por comparação, as 23
horas e 30 minutos mensais do brasileiro deixam longe as 19 horas e 52
minutos do americano, as 18 horas
e 41 minutos do japonês e as 18 horas e sete minutos do alemão. Das
duas, uma: ou os americanos, japoneses e alemães têm mais o que fazer, ou nossa apaixonada adesão à
internet fará com que, em pouco
tempo, os superemos em tecnologia, pesquisa, jornalismo, download
e compras, que compõem a internet
para adultos. E aí, sim, vamos ver
quem tem mais garrafa vazia para
vender.
Enquanto esse dia não chega, já
podemos pelo menos observar algumas conquistas da internet entre
nós. Segundo outra pesquisa, por
causa da internet o jovem brasileiro
tem deixado de praticar esportes,
dormir, ler livros, sair com os amigos, ir ao cinema ou ao teatro e estudar. E, com certeza, está deixando
também de praticar outros itens
não contemplados pela pesquisa,
como namorar, ir à praia ou ao futebol, visitar a avó, conversar fiado ao
telefone e flanar pelas ruas chutando tampinhas.
Admito que muitas dessas atividades possam ser substituídas com
vantagem pelas horas que o brasileiro passa na internet. Mas flanar
chutando tampinhas, não.
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