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CARLOS HEITOR CONY
A alternativa
RIO DE JANEIRO - Não parece, mas
a crônica anterior, publicada na
quinta-feira, sobre as Guerras Púnicas, gerou inesperado retorno dos
leitores, que se manifestaram em e-mails, todos a favor. Menos um,
que preferia assunto mais recente e
mais empolgante, como o caso da
Receita Federal versus a filha do
Zé Serra.
De minha parte, talvez preferisse
outro tipo de guerra, aquela que Oswaldo Cruz promoveu contra os
mosquitos da febre amarela. O Rio
estava condenado, os navios ficavam ao largo, de quarentena, por
causa da peste que matava centenas de cariocas.
Agora temos os mosquitos da
dengue, que estão aumentando na
cidade e fazendo vítimas fatais. As
autoridades apelam para a população acabar com os focos, mas é bom
lembrar que no passado foi criado o
exército de mata-mosquitos, que
iam de casa em casa fiscalizar banheiros, cozinhas e quintais, colocando nas águas paradas um tipo
de creolina que, a curto prazo, acabou com a peste.
Eles colocavam uma bandeira
amarela na grade da casa que visitavam, mostrando que o Estado ali
exercia uma função saneadora.
Ninguém reclamava daquela invasão, pelo contrário, os moradores
serviam cafezinho e água gelada
para os soldados da saúde.
Insisto nas guerras. Além das Púnicas, das quais falei anteriormente, podemos ter a guerra contra a
dengue, mas prefiro melhor alternativa: a Guerra do Peloponeso, tão
emocionante quanto a guerra de
Cartago contra Roma.
Estou relendo o Tucídides, o historiador mais profundo da Antiguidade, para qualquer emergência e
falta de assunto que atraia os leitores fatigados de Dilma, Serra, pesquisas, enchentes e vulcões em
erupção.
A mídia tornou-se redundante,
caindo ferozmente nos mesmos assuntos, nos mesmos problemas e
na grita pelas mesmas soluções.
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