São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Desafios da vida longa

Os países em geral e o Brasil, em particular, já sabem que têm um novo e enorme desafio pela frente. Graças aos avanços tecnológicos e às novas descobertas da medicina, que proporcionam maior precisão nos diagnósticos e tratamentos; à melhoria da qualidade dos alimentos e do meio onde as pessoas vivem e trabalham e a uma nova consciência quanto aos cuidados com a própria saúde estamos caminhando para viver o fenômeno de ter quatro gerações em fase produtiva convivendo simultaneamente. Até agora a convivência foi sempre de três gerações, mas com a elevação da expectativa de vida, vamos inserir a quarta.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que existam hoje 670 milhões de homens e mulheres com mais de 60 anos no mundo. Em 2050, eles serão 1,97 bilhão, um crescimento de 300%. A expectativa média de vida da humanidade, que era de 50 anos em 1950, saltou para 80 em 2010. No Brasil, onde a essa média era de 43 anos em 1945, hoje é de 73. O IBGE já projeta uma inversão no perfil demográfico do país, com mais idosos do que jovens, para logo mais, em 2030, ou seja, daqui a apenas 20 anos.
Esses números dão uma clara dimensão da reflexão necessária e das medidas que já devem ser tomadas por Governos, sociedades, empresas e pessoas para que possam enfrentar, na hora certa, o que a nova realidade vai impor.
No âmbito das empresas, por exemplo, o que fazer dos executivos que, depois de terem acumulado um grande saber em suas áreas de atuação, nos processos naturais de renovação têm que dar lugar aos seus sucessores, mesmo estando na plenitude física e mental?
Absorver o conhecimento e a capacidade produtiva de tanta gente experiente e saudável é um novo desafio estratégico. Vale lembrar que em outras civilizações e épocas históricas, os idosos, que não devem ser confundidos com os velhos, eram uma fonte de ensinamentos e guias dos mais jovens.
Este é um tema que precisa fazer parte também das agendas dos vários níveis de governos, de modo que comecemos a elaborar e a executar políticas públicas adequadas ao novo perfil populacional, como adaptar nossas cidades para seus habitantes mais velhos; equacionar o sistema previdenciário para assegurar benefícios decentes a um contingente cada vez mais numeroso de idosos; reciclar e aproveitar-lhes o conhecimento na área educacional, de assistência social etc...
Finalmente, a sociedade e as pessoas precisam se preparar para que haja uma convivência saudável, positiva e harmônica entre gerações cujos integrantes estarão em idades distantes e em estágios de capacidade produtiva e de sabedoria muito diferentes.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br


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