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EMÍLIO ODEBRECHT
Desafios da vida longa
Os países em geral e o Brasil, em particular, já sabem
que têm um novo e enorme desafio pela frente. Graças aos
avanços tecnológicos e às novas descobertas da medicina,
que proporcionam maior precisão nos diagnósticos e tratamentos; à melhoria da qualidade dos alimentos e do meio
onde as pessoas vivem e trabalham e a uma nova consciência quanto aos cuidados com a
própria saúde estamos caminhando para viver o fenômeno de ter quatro gerações em
fase produtiva convivendo simultaneamente. Até agora a
convivência foi sempre de três
gerações, mas com a elevação
da expectativa de vida, vamos
inserir a quarta.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é
de que existam hoje 670 milhões de homens e mulheres
com mais de 60 anos no mundo. Em 2050, eles serão 1,97 bilhão, um crescimento de
300%. A expectativa média de
vida da humanidade, que era
de 50 anos em 1950, saltou para 80 em 2010. No Brasil, onde
a essa média era de 43 anos em
1945, hoje é de 73. O IBGE já
projeta uma inversão no perfil
demográfico do país, com
mais idosos do que jovens, para logo mais, em 2030, ou seja,
daqui a apenas 20 anos.
Esses números dão uma
clara dimensão da reflexão necessária e das medidas que já
devem ser tomadas por Governos, sociedades, empresas e
pessoas para que possam enfrentar, na hora certa, o que a
nova realidade vai impor.
No âmbito das empresas,
por exemplo, o que fazer dos
executivos que, depois de terem acumulado um grande saber em suas áreas de atuação,
nos processos naturais de renovação têm que dar lugar aos
seus sucessores, mesmo estando na plenitude física e
mental?
Absorver o conhecimento e
a capacidade produtiva de
tanta gente experiente e saudável é um novo desafio estratégico. Vale lembrar que em
outras civilizações e épocas
históricas, os idosos, que não
devem ser confundidos com
os velhos, eram uma fonte de
ensinamentos e guias dos
mais jovens.
Este é um tema que precisa
fazer parte também das agendas dos vários níveis de governos, de modo que comecemos
a elaborar e a executar políticas públicas adequadas ao novo perfil populacional, como
adaptar nossas cidades para
seus habitantes mais velhos;
equacionar o sistema previdenciário para assegurar benefícios decentes a um contingente cada vez mais numeroso
de idosos; reciclar e aproveitar-lhes o conhecimento na
área educacional, de assistência social etc...
Finalmente, a sociedade e
as pessoas precisam se preparar para que haja uma convivência saudável, positiva e
harmônica entre gerações cujos integrantes estarão em idades distantes e em estágios de
capacidade produtiva e de sabedoria muito diferentes.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos
nesta coluna.
emilioodebrecht@uol.com.br
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