São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Adriane e o castelo

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - De tempos em tempos, a mídia escolhe um judas para malhar. O judas da vez parece que é Adriane Galisteu. Disputa o mesmo poste com a filha da Xuxa -essa ainda nem fez nada mas está sendo malhada pelo que fizeram com ela e como ela própria foi feita.
A mídia cada vez mais fabrica esses ídolos, um após o outro, no pressuposto de que ""vendem". Os editores sabem que a matéria de oito páginas sobre o aniversário da filha de Xuxa tem apelo maior do que meia página com o concerto dedicado ao Cláudio Santoro, que faria 80 anos este ano.
Quanto a Galisteu, ela não nasceu nas mesmas condições da filha de Xuxa, não estou muito seguro mas acredito que a moça nasceu como todo mundo nasce. Quando estourou na mídia já estava bem crescidinha e gostosinha. Discriminada desde a morte de Ayrton Senna como uma aventureira banal, foi em frente, casou e descasou como tanta gente.
Discutir se tem talento ou não é secundário. Numa época visual como a nossa, ela tem o visual da época: belos dentes, belo corpo, faz um tipo moderninho, está sempre nos lugares certos, quando casa ou descasa, tanto substituindo Lucélia Santos numa peça como se refestelando no gramado de um castelo do Vale do Loire.
Por acaso, estou indo nesta semana para o mesmo castelo. Não pretendo me esponjar no mesmo gramado -minhas pernas, cansadas de me levar a tantos maus caminhos pela vida afora, não venderão um só exemplar da mesma revista.
Somente uma pergunta: quem é bacana na vida moderna: FHC? João Gilberto? Caetano Veloso? Carlinhos Brown? Bem, respeitando o gosto de cada um, prefiro mesmo Adriane Galisteu.


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