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Adriane e o castelo
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - De tempos em tempos, a mídia escolhe um judas para
malhar. O judas da vez parece que é
Adriane Galisteu. Disputa o mesmo
poste com a filha da Xuxa -essa ainda nem fez nada mas está sendo malhada pelo que fizeram com ela e como
ela própria foi feita.
A mídia cada vez mais fabrica esses
ídolos, um após o outro, no pressuposto de que ""vendem". Os editores sabem que a matéria de oito páginas sobre o aniversário da filha de Xuxa tem
apelo maior do que meia página com
o concerto dedicado ao Cláudio Santoro, que faria 80 anos este ano.
Quanto a Galisteu, ela não nasceu
nas mesmas condições da filha de Xuxa, não estou muito seguro mas acredito que a moça nasceu como todo
mundo nasce. Quando estourou na
mídia já estava bem crescidinha e gostosinha. Discriminada desde a morte
de Ayrton Senna como uma aventureira banal, foi em frente, casou e descasou como tanta gente.
Discutir se tem talento ou não é secundário. Numa época visual como a
nossa, ela tem o visual da época: belos
dentes, belo corpo, faz um tipo moderninho, está sempre nos lugares certos,
quando casa ou descasa, tanto substituindo Lucélia Santos numa peça como se refestelando no gramado de um
castelo do Vale do Loire.
Por acaso, estou indo nesta semana
para o mesmo castelo. Não pretendo
me esponjar no mesmo gramado
-minhas pernas, cansadas de me levar a tantos maus caminhos pela vida
afora, não venderão um só exemplar
da mesma revista.
Somente uma pergunta: quem é bacana na vida moderna: FHC? João
Gilberto? Caetano Veloso? Carlinhos
Brown? Bem, respeitando o gosto de
cada um, prefiro mesmo Adriane Galisteu.
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