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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Erros e acertos das pesquisas

PORTO ALEGRE - Como comparou o ministro Fernando Neves, do TSE, as pesquisas eleitorais são como fotos: "Ninguém gosta quando a sua foto não sai boa". Candidato que está na frente ("bem na foto") adora as pesquisas, e o que está atrás detesta.
Gostem ou não, as pesquisas vieram para ficar e influenciam todo o processo eleitoral: a escolha do candidato, a estratégia de campanha, a arrecadação de fundos, a definição de temas e de planos de governo e o ânimo da equipe e da militância.
O que se discute: 1) a perigosa combinação de erro e indução do eleitor; 2) pesquisa é informação, não propaganda. Nem sempre institutos, veículos de comunicação e partidos percebem a diferença. Só as vítimas.
As pesquisas apresentam incríveis níveis de acerto em eleições presidenciais e de erros nas estaduais e nas municipais. Em parte porque só há competição entre os principais institutos na nacional. Em parte porque a vigilância é rigorosa na nacional, mas omissa ou inexistente no resto.
Abertas as urnas, o candidato "x" era mais forte, o "y", mais fraco, mas aí os estragos já estavam feitos, e Inês é morta. Melhor prevenir do que remediar. Por isso, e por se sentir vítima e instrumento de erro, a RBS (maior rede de comunicação do Sul) atraiu a Porto Alegre, na sexta-feira, presidentes de partidos e diretores de institutos e da mídia para discutir o que fazer.
Criar leis e regras para restringir as pesquisas e punir quem produz e divulga pesquisas erradas (por descuido ou má-fé) de nada adiantaria. Boas leis há, o que falta é disposição do mercado de se prevenir. Mas institutos e órgãos de comunicação vivem de credibilidade e, para Bornhausen, do PFL, "os bons são os maiores interessados em denunciar os maus".
Depois de um dia de lavação de roupa suja, chegou-se a consenso: a melhor saída é a auto-regulamentação. Ali mesmo, institutos e partidos começaram a discutir novos encontros e pautas. A base é o Conar, eficiente para analisar e eventualmente intervir em exageros da propaganda.
Agora é fiscalizar quem vai fiscalizar. Outubro de 2004 vem aí.


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