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A ANACONDA E A JUSTIÇA
A chamada Operação Anaconda, deflagrada há cerca de um
ano e meio para investigar uma rede
criminosa de tráfico de influência, lavagem de dinheiro, contrabando e
venda de sentenças, vai atingindo, ao
que parece, resultados práticos positivos. O esquema, segundo as informações disponíveis, envolve empresários, delegados, agentes da Polícia
Federal e advogados, além de juízes
federais denunciados por formação
de quadrilha. No dia 13, o Ministério
Público ofereceu quatro denúncias
ao Tribunal Regional Federal (TRF).
Foram requeridos 15 mandados que
permitiram a apreensão de US$ 550
mil, armas e documentos.
Não se trata de condenar antecipadamente os atingidos pela operação.
Caberá ao TRF decidir pelo recebimento da denúncia, e o caso seguirá
os trâmites judiciais. Os indícios de
irregularidades, no entanto, são enfáticos, trazendo à tona uma realidade que o senso comum não desconhece: a corrupção no Brasil continua sendo um fenômeno de larga escala e tem envolvido com frequência
aqueles que deveriam, por função,
combatê-la.
O fato de que juízes federais vejam-se às voltas com casos dessa natureza acentua as preocupações sobre a
vulnerabilidade da Justiça às investidas do crime organizado. Para o governo federal, cujas relações com representantes da cúpula da magistratura não têm sido exatamente cordatas, o alarde causado pela Operação
Anaconda vai servindo de pretexto
para elevar o tom acerca da necessidade de reformar o Poder Judiciário.
Seria mais saudável, no entanto, que
essas situações não se misturassem.
Não é, obviamente, apenas o eventual envolvimento de juízes em quadrilhas o que torna urgente a reforma
do Judiciário, mas problemas que
vêm se acumulando há anos.
As discussões sobre a reforma estão em curso. A sociedade espera que
as propostas sejam apresentadas publicamente e que o debate democrático possa levar ao necessário aperfeiçoamento da Justiça.
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