São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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Recordes de produção

A INDÚSTRIA brasileira trabalhou, em outubro, no nível mais alto de utilização da sua capacidade produtiva desde 1976. Foi o que constatou sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada na quarta-feira passada.
À primeira vista, a notícia parece corroborar a avaliação do Banco Central, invocada para justificar a interrupção do corte da taxa básica de juros. O BC argumenta que o aquecimento da economia chegou a um ponto que suscita riscos significativos ao controle da inflação.
O mesmo levantamento da FGV, no entanto, traz elementos tranqüilizadores. Em particular, a proporção de empresas que pretendem aumentar preços nos próximos meses manteve-se no patamar médio que vem sendo observado desde 1999.
A inclinação das indústrias a reagir ao estreitamento de sua ociosidade pela elevação dos preços vem se revelando bem menor do que já foi no passado. Contribuem para isso fatores como a aceleração dos ganhos de produtividade e a penetração crescente dos produtos importados.
Outro elemento que deveria tranqüilizar o BC é a perspectiva, apontada por número crescente de analistas, de que a redução da capacidade produtiva ociosa na indústria seja interrompida e parcialmente revertida nos próximos meses, por efeito da maturação de investimentos.
A nota preocupante, mais uma vez, vem do front externo. No fim da semana passada os bancos dos EUA voltaram a apresentar sinais de estresse -reverberando a crise nas hipotecas. Será preciso paciência, por parte do BC brasileiro, para não tomar decisões equivocadas nessa quadra de turbulência global.


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