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Recordes de produção
A INDÚSTRIA brasileira trabalhou, em outubro, no
nível mais alto de utilização da sua capacidade produtiva
desde 1976. Foi o que constatou
sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada na quarta-feira passada.
À primeira vista, a notícia parece corroborar a avaliação do
Banco Central, invocada para
justificar a interrupção do corte
da taxa básica de juros. O BC argumenta que o aquecimento da
economia chegou a um ponto
que suscita riscos significativos
ao controle da inflação.
O mesmo levantamento da
FGV, no entanto, traz elementos
tranqüilizadores. Em particular,
a proporção de empresas que
pretendem aumentar preços nos
próximos meses manteve-se no
patamar médio que vem sendo
observado desde 1999.
A inclinação das indústrias a
reagir ao estreitamento de sua
ociosidade pela elevação dos preços vem se revelando bem menor
do que já foi no passado. Contribuem para isso fatores como a
aceleração dos ganhos de produtividade e a penetração crescente dos produtos importados.
Outro elemento que deveria
tranqüilizar o BC é a perspectiva,
apontada por número crescente
de analistas, de que a redução da
capacidade produtiva ociosa na
indústria seja interrompida e
parcialmente revertida nos próximos meses, por efeito da maturação de investimentos.
A nota preocupante, mais uma
vez, vem do front externo. No
fim da semana passada os bancos
dos EUA voltaram a apresentar
sinais de estresse -reverberando a crise nas hipotecas. Será
preciso paciência, por parte do
BC brasileiro, para não tomar
decisões equivocadas nessa quadra de turbulência global.
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