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CLÓVIS ROSSI
Programa para 2010
SÃO PAULO - Uma porção de gente já escreveu que a oposição precisa mais do que o antilulismo para
eventualmente vencer em 2010.
Faltou dizer que o governo também
precisa mais do que exibir Lula na
televisão para estar certo de vencer
-ainda mais que a eleição se dará
em um cenário econômico incerto e
não sabido ante a evolução da crise
global.
Caridosamente, ofereço a ambos
uma linha de programa que não é
minha, mas de Tatiana Feitosa de
Britto, especialista em políticas públicas e consultora do Senado para
assuntos de educação, entrevistada
para a edição on-line do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Tatiana trabalhou, até 2004, no
Ministério do Desenvolvimento
Social, o que significa que alia à teoria acadêmica a vivência prática.
Primeiro ponto (aliás já repetidamente exposto aqui): sozinho, o
Bolsa Família, como qualquer outro programa de transferência de
renda, é incapaz de tirar as pessoas
da pobreza permanentemente.
É o que tem dito, entre outros,
Frei Betto, que reclama mudanças
estruturais que o governo do qual
foi conselheiro não executou.
Para Tatiana, não se pode tampouco ter "uma fé cega" na idéia de
que apenas investimentos em áreas
como educação e capacitação farão
o milagre.
Completa: "Você precisa de uma
combinação muito bem articulada,
que pense não só a capacitação, mas
a inserção no mercado de trabalho.
Não só a educação, mas a qualidade
da educação".
Fim do teorema: a erradicação da
pobreza "só pode ser atingida com
uma combinação sinergética de políticas públicas e crescimento econômico, o que está muito além do
escopo do Bolsa Família".
Claro que é muito mais fácil de
dizer do que de fazer. Mas para que
servem os políticos se não for para
pensar em políticas públicas e em
crescimento econômico?
crossi@uol.com.br
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