São Paulo, terça, 6 de janeiro de 1998.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com Maluf, até o fim

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Lembra-se de Paulo Salim Maluf? É aquele ex-prefeito de São Paulo que usou a propaganda eleitoral gratuita para dizer algo assim: Se Celso Pitta (era o candidato dele, lembra-se?) for um mau prefeito, nunca mais votem em Paulo Maluf (ele usa quase sempre a terceira pessoa do singular para referir-se a si próprio, o que já é revelador).
Muito bem: agora, o Datafolha acaba de mostrar que, na opinião do eleitor, Pitta é um péssimo prefeito. É o único, entre os 11 pesquisados, que consegue uma maioria absoluta (52% exatamente) de "ruim/péssimo", com indigentes 13% de "ótimo/bom".
Fica, assim, não apenas como um mau prefeito, mas como o pior entre todos os que o Datafolha avalia.
Veja bem, leitor/eleitor: Maluf não foi obrigado a dizer o que disse. Não era uma entrevista coletiva ou nem sequer uma entrevista exclusiva, nas quais, por vezes, um aperto do entrevistador leva o entrevistado a dizer alguma bobagem.
Não. Foi tudo espontâneo, preparado com toda a manha do velho lobo da política paulista.
O que fazer, então? Seguir Maluf ao pé da letra, se possível com algum requinte de sadismo. Ou seja, não votar nunca mais nele nem para presidente nem para governador nem para prefeito nem mesmo para presidente da Eucatex, se os mortais comuns tivessem direito a voto na empresa familiar.
Não se trata de um ato de discriminação política ou ideológica, bem ao contrário. Seria um castigo grande demais para um político já em fim de carreira, se Maluf não tivesse seguidores em massa para a sua ordem de esquecê-lo de uma boa vez, caso seu sucessor e afilhado político errasse a mão.
Os paulistas e os brasileiros em geral, se ele ainda vier a disputar a Presidência, não podem cometer tamanha ingratidão. Paulo Maluf merece uma aposentadoria digna e bem de acordo com a sua vontade.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.