São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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NO FUNDO DO POÇO

A economia norte-americana ainda está longe da recuperação, mas há alguns sinais de que o pior talvez já tenha passado. Ou seja, de que os Estados Unidos já teriam chegado ao fundo do poço.
Amanhã o presidente George W. Bush deve anunciar um pacote fiscal de estímulo ao crescimento. É mais uma tentativa de reanimar a maior economia do mundo, que entrou em recessão e patinou nos últimos dois anos -abalada por uma crise de confiança nas empresas cujo único precedente comparável é o da crise de 1929- sob o clima pesado da tensão militar global e já operando sob as taxas de juros mais baixas das últimas quatro décadas.
Embora politicamente fortalecido após os atentados terroristas, Bush sabe que a reeleição depende da sua capacidade de preencher os dois anos finais de seu mandato com dados econômicos mais animadores.
Antes mesmo do pacote, alguns setores dão sinais de recuperação (como a construção civil) e mesmo de retomada de investimentos.
Para alguns economistas, já se chegou ao limite em cortes de gastos nas empresas e mesmo a hipótese de novas ondas de pânico entre os investidores parece menos provável. A utilização da capacidade produtiva está baixa (74%) se comparada ao nível de longo prazo (80%).
O presidente do Fed (o banco central dos EUA), Alan Greenspan, também testemunha em favor do cenário de recuperação do lado real. Ele vê as dificuldades atuais basicamente como fruto de uma incerteza geopolítica elevada, não de uma decadência do sistema produtivo.
Resta saber se o estímulo fiscal associado com juros baixos será suficientes para finalmente recolocar a maior economia do mundo numa trajetória de recuperação sustentável.
Os preços do petróleo vêm batendo novos recordes, puxados pela ameaça de guerra do mesmo Bush. Há uma incompatibilidade entre a política econômica e a política externa do governo republicano.



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