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VINICIUS TORRES FREIRE
Narcopolítica federal
SÃO PAULO - As eleições, a estréia do novo governo e as festas de final de
ano tiraram do foco o escabroso caso
do deputado federal Pinheiro Landim, discretamente defenestrado pelo
PMDB depois que a Polícia Federal
descobriu que o parlamentar parlamentava com um megatraficante.
Landim não é mero caso de polícia.
É mais uma evidência revoltante da
extensão da narcopolítica no país. O
deputado é acusado de negociar facilidades judiciais, como habeas corpus, para a quadrilha de Leonardo
Dias Mendonça, vulgo "Leo".
Leo é quente. Apresentou Fernandinho Beira-Mar às Farc, a guerrilha
do tráfico colombiana. Os dois já foram hóspedes do empresário da coca
colombiano Tomas Molina-Caracas,
vulgo "Negro Acácio". Os negócios de
Leo e Beira-Mar têm ramificações em
São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Distrito Federal, Rio de
Janeiro, Suriname e Paraguai.
O caso Leo-Landim espirrou em
juízes federais. Evidências e fortes
suspeitas de envolvimento da cúpula
do judiciário nacional não são novidade pelo menos desde a CPI do Narcotráfico, encerrada em 2000. A CPI
indiciou 800 pessoas: advogados, empresários, policiais, juízes, deputados, prefeitos e ex-governadores, na
maioria acusados de narcotráfico,
roubo de cargas, lavagem de dinheiro, sonegação, execuções e propina.
A CPI fisgou Hildebrando Pascoal,
o maníaco da motosserra, ex-deputado do PFL do Acre. Soube-se que
desembargadores e políticos do Acre,
Amazonas, Maranhão e Mato Grosso tinham ligações com traficantes.
Agora, a operação da PF que pescou
Landim mostrou relação entre os juízes suspeitos de Leo com juízes próximos da turma da grilagem de terras
no Distrito Federal, amigos do governador Joaquim Roriz (PMDB).
Falar em colombianização é exagero -por ora. Mas já ficou evidente
que quadrilhas nacionais já chegaram bem perto de membros da cúpula da República. Trata-se de um caso
de emergência nacional.
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