BRASÍLIA - Carlos Lessa teve três padrinhos importantes para ser indicado presidente do BNDES. Os economistas Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares e o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP).
A reação a Lessa foi grande. A favor e contra. Até ontem ele não havia sido confirmado no BNDES, mesmo tendo sido convidado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os principais opositores de Lessa estão grandes empresas brasileiras que tiveram financiamento seguro do BNDES durante o governo FHC para competir com seus concorrentes estrangeiros. Nas suas primeiras declarações, Lessa deu a entender que enterraria essa política. Os empresários ficaram irritados. Muitos financiaram as candidaturas de Lula e de outros líderes petistas.
Mercadante atuou para acomodar as opiniões a favor e contra Lessa. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, era um dos descontentes. Aparentemente, conformou-se com com a nomeação.
Para apaziguar ânimos, ficou definido que o BNDES não será dividido em dois, como chegou a sugerir Furlan. "O ministro Furlan e o futuro presidente do banco estão construindo juntos um projeto de reestruturação", diz Mercadante.
Nessa reestruturação, o BNDES terá "três eixos principais de atuação: comércio exterior, infra-estrutura e segmentos da cadeia produtiva que necessitem de integração", nas palavras do senador eleito Mercadante. Nenhuma dessas áreas será comandada por alguém imposto por Furlan ou Lessa. Devem ser escolhidos funcionários que já estão no banco.
A cizânia anunciada para o BNDES parece ter sido abortada. Se Lessa for confirmado no banco, a relação de trabalho entre ele e Furlan será determinante para o sucesso da fórmula adotada. Num eventual fracasso, não será surpresa se um dos dois acabar protagonizando a primeira baixa no governo Lula.



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