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Petroquímica oficial
SOB PRETEXTO de criar uma
supercompanhia para competir no cenário internacional, o governo Lula patrocina
mais um grupo privado em marcha pelo controle de um setor
chave da economia. Com a aquisição da Quattor pela Braskem e
pela Petrobras, em via de consumar-se, toda a petroquímica nacional ficaria sob a influência da
Odebrecht, empreiteira que se
agigantou em contratos e relações com o Estado.
Das quatro centrais petroquímicas em funcionamento no
país, a Odebrecht já administrava duas, Camaçari (BA) e Triunfo
(RS). Com os ativos da Quattor
viriam as outras duas, PQU (SP)
e RioPol (RJ).
A nova Braskem saltaria, assim, para a posição de 11º maior
produtor mundial de insumos
petroquímicos, como o eteno,
base para a fabricação de resinas
e plásticos utilizados na indústria de transformação. Com outros investimentos no México e
na Venezuela e a entrada em
operação em 2014 da quinta central (Comperj), caso esta também termine sob controle da
Braskem, a superpetroquímica
chegaria ainda mais perto do topo no ranking mundial.
Seria difícil concluir o negócio
sem o empenho articulador do
Planalto e o envolvimento bilionário da Petrobras. Como no caso da aquisição da Brasil Telecom pela Oi/Telemar, em que
até alterações legais foram providenciadas, a administração petista não mede esforços nem capital para encorpar e multiplicar
seus tentáculos na economia.
Ao fazê-lo, o governo federal
favorece grupos empresariais selecionados. Fortalece, em paralelo, uma rede de interesses, poder e negócios que inclui o PT,
corporações estatais e fundos de
pensão. Ressuscita, dessa maneira, o intervencionismo demiúrgico e perdulário -quando não
corrupto- dos tempos da ditadura militar e do varguismo.
O lulismo não se limita, porém,
a tentar reverter a roda da história. Na mesma empreitada, arrisca comprometer o desenvolvimento nacional ao criar condições adversas para o barateamento de insumos básicos. Que
ao menos mobilize outras instituições estatais, como os órgãos
de defesa da concorrência, para
prevenir os efeitos colaterais
dessa monopolização.
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