São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010 |
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FERNANDO RODRIGUES Os discursos de Dilma
BRASÍLIA - Há muita especulação e pouca certeza no comando PT
sobre como deve ser o discurso de
Dilma Rousseff nos primeiros seis
meses deste ano. As dúvidas aumentarão sobretudo quando a pré-candidata ao Planalto deixar a Casa
Civil, no início de abril.
Dilma passará três meses sem ser
ministra e sem poder fazer campanha oficialmente. A curiosa lei brasileira só permite proselitismo eleitoral aberto depois de julho. Até lá,
os políticos fingem não ser candidatos, e a Justiça acredita.
Por enquanto, a vida de Dilma foi
tranquila. Adotou uma estratégia
gradualista. Primeiro, colou-se em
Lula. Depois, no final de 2009, começou a ensaiar o tom "é preciso
avançar". Tudo temperado com alta
dose nacionalista, numa intensidade inédita desde a volta do país ao
regime democrático. Basta assistir
à enxurrada de comerciais do Planalto exaltando o Brasil na TV.
Quando deixar seu cargo no governo federal, Dilma deve ou não
insistir no discurso nacionalista?
Não há consenso no PT. Nas eleições diretas recentes, essa não foi a
linha mestra de nenhum candidato
a presidente vitorioso. Funciona às
vezes como tática eventual -como
quando o PT chamou o PSDB de
privatista na disputa de 2006. Mas
esse não foi o tom constante nem
central na campanha.
Outro aspecto sobre o qual há dúvidas é se vale a pena insistir na
comparação entre os governos Lula
e FHC. Os 20 e poucos pontos obtidos por Dilma até agora nas pesquisas resultam da inoculação da popularidade de Lula. É raro encontrar um eleitor dizendo: "Votarei
em Dilma porque ela é como o Lula
e melhor do que FHC".
Uma parcela dos petistas considera mais eficaz martelar os feitos
do governo atual -sobretudo na
área social- e deixar um pouco de
lado a comparação com os tucanos.
Uma disputa pelo marketing de
Dilma está à porta do Planalto. |
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