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ELIANE CANTANHÊDE
É ou não é?
BRASÍLIA - O "to be or not to be
antiamericano", por incrível que
pareça, continua atualíssimo. E não
apenas em mesa de bar.
Em dezembro, o futuro embaixador em Washington, Antônio Patriota, disse à Folha que as relações
com os EUA tinham chegado a um
"amadurecimento da relação, que
significa respeito pela diferença de
opinião e atenção às análises que
não sejam coincidentes".
No último domingo, seu antecessor, Roberto Abdenur, declarou à
revista "Veja" que a política externa
brasileira é marcada por "um substrato ideológico vagamente anticapitalista, antiglobalização, antiamericano totalmente superado".
É nesse clima que o subsecretário de política dos EUA, Nicholas
Burns, terceiro homem da hierarquia do Departamento de Estado,
desembarca hoje no Brasil, acompanhado do secretário-adjunto para a região, Thomas Shannon.
Ambos, porém, parecem não dar
bola para o "to be or not to be" do
Itamaraty, cuja principal excentricidade é sair dos editoriais dos jornais e revistas para virar bate-boca
público, deflagrado com gosto pelo
embaixador Rubens Barbosa, antecessor de Abdenur e de Patriota e
maior crítico do suposto antiamericanismo do governo Lula.
Para Burns e Shannon, o que
preocupa mesmo é a Venezuela,
forte fornecedor de petróleo para
os EUA e indo num célere processo
de endurecimento político e de fechamento econômico rumo ao tal
"socialismo do século 21". E a contaminação da América do Sul.
O fato é que Washington dá graças a Deus por Lula se mostrar
"equilibrado", "simpático" e sempre manter boas relações com os
EUA, inclusive comerciais. Lula pode até não ser o presidente dos sonhos americanos, mas certamente
tem e terá papel fundamental para
a estabilidade da região. O resto é
semântica. Ou meras disputas políticas entre petistas e tucanos e de
velhos concorrentes no Itamaraty.
elianec@uol.com.br
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