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A Prova São Paulo
HÁ QUEM , no meio universitário e sindical, ainda despreze as avaliações da
qualidade do ensino que se multiplicam no país. Com a Prova
São Paulo, o novo exame de português e matemática para os alunos da rede pública paulistana de
2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries, não foi diferente. Qual a razão, indagam, de
aplicar uma prova para saber o
que de antemão já se conhecia,
que o ensino é ruim?
Chega a ser espantoso ter de
reafirmar, a esta altura do século
21, as vantagens do conhecimento sistemático, do tratamento estatístico, nas políticas públicas.
Saber em que medida o ensino é
ruim, em que regiões e faixas etárias a situação é mais crítica, onde estão os nichos de excelência,
como o desempenho individual e
coletivo evolui ao longo do tempo é um requisito indispensável
para intervir na realidade.
No caso da rede paulistana, sabe-se agora, por exemplo, que
29% dos alunos da 2ª série
(crianças de oito anos de idade)
nem sequer conseguiram responder às questões; 14,6% ainda
não foram alfabetizados, cifra
que cai para 4% duas séries acima, indicando um percentual de
alunos provavelmente perdidos
pelo sistema.
A Prefeitura de São Paulo teve
o cuidado de criar uma avaliação
que complementa a Prova Brasil,
exame nacional para a 4ª e a 8ª
séries. Tendo mantido, também,
a mesma base metodológica da
prova federal, o exame paulistano tem a vantagem de abranger
duas séries a mais e de permitir o
conhecimento da nota individual de cada aluno -o detalhamento da prova federal só vai até
a nota da escola.
Avaliar bem, obviamente, é
apenas o primeiro passo para
modificar o padrão de mediocridade que viceja no ensino paulistano. Atuar nos pontos críticos,
ser capaz de recuperar em tempo
hábil os alunos que rumam para
o desastre educacional, é a parte
mais difícil.
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