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São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Editoriais

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A batalha do "spread"

EM INGLÊS , o termo significa extensão, difusão, abertura. Recrutado no dialeto peculiar da finança, foi deslocado para expressar uma distância entre valores, uma margem. Designa, por exemplo, a diferença entre a taxa que um banco paga ao aplicador e a que cobra de quem toma o recurso emprestado.
O "spread", por obra da crise, volta ao centro do debate nacional sobre o nível dos juros, discussão que há vários anos tenta decifrar um duplo enigma. Por que os juros básicos no Brasil são bem mais altos que os praticados em economias semelhantes? Por que as taxas ao tomador final embutem margem tão elástica, o que torna a comparação global ainda mais desfavorável ao país?
Num lance ao mesmo tempo astuto e oportuno, o Banco Central tenta desviar parte das críticas a respeito para os bancos comerciais. Foram eles, afinal, que aumentaram os "spreads" em meio ao estrangulamento do crédito, quando as autoridades agiam no sentido contrário.
Na defensiva, os bancos dizem que baixar o "spread" é complexo, e que a margem é alta no Brasil por conta do peso excessivo dos impostos e da inadimplência. Taticamente, nada falam dos estrondosos lucros que auferem, chova ou faça sol, as grandes casas bancárias brasileiras.
É necessário, certamente, reduzir a tributação que onera demasiadamente os empréstimos no Brasil, bem como avançar na modernização, legal e burocrática, dos sistemas que dão garantias ao credor em caso de calote. Mas é inegável o peso da oligopolização bancária, que resulta em déficit crônico de competição, nessa equação dos juros altos.
O BC -cujos diretores comumente transitam entre um e outro lado do balcão- não age com a firmeza e a presteza necessárias nesse front. Apenas ontem, por exemplo, divulgou uma tabela clara com as taxas médias de juros cobradas pelos bancos em algumas das principais modalidades de empréstimo.
Se a batalha do "spread" estimular o BC a ampliar e acelerar iniciativas do tipo, viva a batalha.


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