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ELIANE CANTANHÊDE
Pandemônio
BRASÍLIA - Imagine o pandemônio na Casa Civil com o dossiê que o
governo apelida de "banco de dados", mas foi iniciado no meio do
escândalo da tapioca, sobre o período específico do segundo mandato
de FHC, destacando as contas -sigilosas, diga-se de passagem- do
ex-presidente e de sua mulher e, finalmente, seguindo uma lógica nada convencional para relatórios oficiais e burocráticos.
O pandemônio não é porque "aloprados" fizeram o dossiê dentro da
Presidência da República, mas porque um "clandestino", como disse
Lula, vazou o seu conteúdo para a
imprensa. A ira não é contra quem
errou, mas contra quem condenou
e divulgou esse erro.
Dá para imaginar a ministra Dilma Rousseff, com seu decantado
mau humor e sua mania de gritar
com subordinados e até com ministros e presidentes de estatais,
olhando para um, para outro, para
um terceiro, cheia de suspeitas, ou
de rancor? E um apontando o outro
na mesa ao lado?
Mas, para a sociedade brasileira,
o que interessa é o contrário: quem
divulgou é o de menos, o que se quer
saber é quem deu a ordem para reabrir arquivos mortos do governo
com o intuito de chantagear adversários? Quem usou a máquina do
Estado numa disputa político-partidária? Aliás, quem, como, onde,
quando e por quê?
O novo dossiê não envolve dinheirama de origem incerta, como
o dos aloprados na eleição, mas balançou Dilma. Ela surgiu diante das
câmeras de TV, na sexta-feira, nervosa, gaguejando, confusa, e não
deu uma só informação convincente. Não havia vestígio daquela Dilma bem composta, elegante e com
todas as respostas na ponta da língua que se apresentou na sabatina
da Folha, apenas seis meses atrás.
A ministra pode até ficar, mas a
candidata acabou, desmoronou.
Sem passar dos 3% nas pesquisas...
Agora, qual será o próximo "candidato" que Lula vai tentar inventar? Ou melhor: a próxima vítima?
elianec@uol.com.br
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