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ELIANE CANTANHÊDE
Apagão celular
BRASÍLIA - Só para citar dois pólos: os celulares são campeões de
reclamação no Procon tanto do rico
São Paulo quanto do pobre Sergipe.
Antes de optar. consulte a lista das
mais denunciadas. E fuja!
As reclamações vão desde problemas nos aparelhos (defeitos, falta
de peças...) até a prestação de serviço pelas operadoras, que vai de mal
a pior. Inclusive porque elas dão de
ombros para o que seriam os controles de Estado, como a Anatel,
agência reguladora, e os próprios
Procons. É como se estivessem acima das instâncias de defesa do consumidor -leia-se: contribuinte.
As suspeitas/acusações são de
jeitinhos para cobranças indevidas,
exorbitantes. As contas não chegam
em domicílio. Se você tenta por telefone, passa por verdadeiras sessões de tortura. Se busca pessoalmente nas lojas, só contêm o total,
sem detalhar os gastos.
Para ter a conta completa, é preciso senha, uma espera que pode
durar duas, três horas e ainda muita
paciência para enfrentar a falta de
paciência do funcionário. Sabe como é: se a empresa está acima do
Estado, o funcionário está acima de
você. Simples assim. No final, aparece uma conta milionária.
Você pode fazer uma, duas, dez
reclamações protocoladas na empresa, durante meses a fio, indo de
um ano a outro, e nada. Aí, você recorre à Anatel e descobre que é preciso uma Anatel da Anatel, que não
resolve nada. Aí, você cai no Procon,
que resolve para uns, não para outros. Aí, só resta a Justiça -e você
sabe como a Justiça é.
Depois de cancelada a conta, pior
ainda: a fatura do "resíduo" não
chega, seu número não está mais no
sistema, o débito vira juros e correção e você pode gritar, se esgoelar,
enfartar, mas não vai conseguir... se
desvincular da empresa. O cancelamento foi em março? Prepare-se
para ficar pagando "juros" até junho, julho...
Kafkiano? Que nada. Kafka é fichinha perto disso.
PS - Saio de férias. Até a volta!
elianec@uol.com.br
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