São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

No lugar certo, na hora certa

BRASÍLIA - Lula está hoje no Amazonas. Não poderia haver lugar melhor para comemorar os bons ventos da política, com o nosso homem na lua, e da economia, com o "investment grade", o crescimento de 7,6% nas vendas da indústria no primeiro trimestre e de uns 200 mil empregos ao mês.
O Amazonas deu a Lula seu recorde em 2006, com massacrantes 78,07% dos votos válidos no primeiro turno e 86,8% no segundo. Além disso, o Estado é uma amostra viva de eternização no poder.
Em 56 anos, os amazonenses elegeram apenas quatro políticos para o governo do Estado. Senão, vejamos: Plínio Coelho, em 1954 e 1962; Gilberto Mestrinho, em 1958, 1982 e 1990; Amazonino Mendes, em 1986, 1994 e 1998; Eduardo Braga, em 2002 e 2006 (até 2011).
Não me peçam para citar seus partidos e suas alianças, porque, como ocorre em todo o país, eles trocaram de sigla sabe-se lá quantas vezes, uniram-se para eleger um numa eleição, para derrotar esse mesmo um na seguinte e reembaralhar tudo na terceira. Com, evidentemente, as inevitáveis dobradinhas entre o governador de plantão e o prefeito de Manaus da época, que se revezam nesses dois tronos e vão ficando, ficando...
Lula jura que não quer nem ouvir falar em terceiro mandato, enquanto setores ajuizados advertem que seria um golpe na democracia. Lulistas e aliados fingem que acreditam e que concordam, liberando um daqui e outro dali para apoiar a mudança constitucional, "just in case". Porque é evidente que uma série de fatores empurra o debate -e o temor- nessa direção.
Hoje, em Manaus, Lula é o homem certo, no lugar certo, na hora certa para badalar a re-reeleição. Não com palavras, mas com simbologia, fatos e fotos, cercado de eleitores e de aliados (inclusive o governador Braga e o prefeito Serafim Corrêa) por todos os lados. A oposição, ao largo, fica falando sozinha.

elianec@uol.com.br


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