São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Editoriais

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Mudanças na Infraero

A EMPRESA Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) implanta, enfim, uma reforma a fim de estabelecer o óbvio. Decidiu em 16 de abril reduzir para 12 os cargos não concursados que mantinha. Nos últimos dias, fechou 28 postos. Nas próximas semanas, 53 serão demitidos -ao final, haverá 97 vagas a menos.
Trata-se de um passo importante para limitar o loteamento político que há muitos anos caracteriza a estatal. O acerto da iniciativa pode ser medido pelas reações que provocou. Líderes do PMDB reclamaram com veemência e ameaçaram criar dificuldades para o governo no Congresso enquanto o assunto "não estiver resolvido".
Um dos protagonistas da rebeldia é o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Seu irmão foi demitido do posto de assessor na Superintendência em Pernambuco. Mas os exemplos de insatisfação se multiplicam na base governista e já ecoam nas articulações para a sucessão presidencial.
As vagas cobiçadas pagam salários que vão de R$ 5 mil a 14 mil. A Infraero, além disso, administra obras milionárias em todo o país e tem um orçamento anual superior a R$ 1 bilhão.
É lamentável que a estatal responsável por prover a infraestrutura aeroportuária no país até hoje seja refém do apadrinhamento. Não custa lembrar que essa prática se intensificou no governo Lula e que a falta de norte gerencial para a empresa foi em grande parte responsável pela crise aeroportuária deflagrada no final de setembro de 2006.
O brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva comanda a reforma na estatal. Substituiu Sérgio Gaudenzi, que resistia à privatização, definição crucial para o setor -a Anac finalizará em julho uma nova proposta de marco regulatório para a atividade.
A possibilidade mais auspiciosa é que o novo modelo permita o ingresso dos investimentos privados de forma acelerada e privilegie a eficiência gerencial. Que a farra dos apadrinhamentos esteja sendo atacada, de todo modo, já é uma ótima notícia.


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