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Energia limpa
O PLANO Decenal de Expansão de Energia (PDE
2019) posto em consulta
pública anteontem pelo Ministério de Minas e Energia contém
avanços em relação às versões
anteriores. Suscita, porém, dúvidas, que precisam ser dirimidas
nos próximos 28 dias -o prazo
previsto para sugestões.
O passo à frente está na prioridade conferida às fontes renováveis na expansão da oferta de
energia compatível com um
crescimento econômico de 5,1%
ao ano. Graças aos biocombustíveis (álcool e biodiesel), às hidrelétricas e à biomassa, o governo
projeta manter as renováveis
num percentual em torno de
48% da energia total consumida
no país -umas das matrizes
mais limpas do mundo.
É verdade que, do investimento de R$ 951 bilhões previsto para exorcizar o espectro de novos
apagões, 70% serão carreados
para as áreas de petróleo e gás
natural. Vivem-se, afinal, tempos de entusiasmo político desmedido com o pré-sal.
São combustíveis fósseis consumidos na área de transportes e
em boa parte da indústria. Sua
queima lança na atmosfera carbono antes imobilizado nas profundezas da Terra, o que contribui para agravar o efeito estufa.
O balanço ambiental do setor
energético, projeta o governo,
seria reequilibrado com um retrocesso na crescente utilização
de usinas térmicas. A partir de
2013, toda a expansão se faria
com usinas hidrelétricas -menos poluentes.
É um quadro, entretanto, demasiado otimista, pois conta
com obras ainda duvidosas. O caso mais notório é o de Belo Monte, no rio Xingu, que sozinha responderia por 11,2 mil dos 63,4
mil megawatts a serem instalados e agregados ao Sistema Integrado Nacional.
O PDE 2019 programa para janeiro de 2015 a operação de Belo
Monte. São menos de cinco anos.
Para uma usina tão complexa e
controversa, que acabou de ser
leiloada e ainda passa por recomposição do consórcio vencedor, a
expectativa soa exagerada.
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