São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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VALDO CRUZ

Juventude morta

BRASÍLIA - O Brasil está matando sua juventude. Quem duvida que fique atento à pesquisa a ser divulgada pela Unesco, o braço da ONU para educação e cultura.
Batizada de Mapa da Violência, vai mostrar um dado dramático: a taxa de mortalidade por homicídios de jovens no Brasil saltou de 30% em 1980 para 54,5% em 2002.
O avanço da violência juvenil (15 a 24 anos) fica evidente quando se observa a taxa de homicídios nas outras faixas da população. Em igual período, ela cresceu bem menos -passou de 21,3% para 21,7%.
Numa lista de 67 países, o Brasil ocupa a vexatória quinta posição na taxa de homicídios de jovens -a principal causa de morte na juventude brasileira, enquanto nos países desenvolvidos ela se concentra em acidentes de transportes.
Representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein diz que o Mapa da Violência pretende apontar caminhos para a trágica situação.
Uma solução simples e eficiente é o projeto Abrindo Espaços, bem difundido em São Paulo. Consiste em abrir as escolas nos finais de semana para oficinas voltadas à comunidade.
Parte do diagnóstico de que o pico da violência juvenil é no fim de semana. Atraindo o jovem para a escola, o programa ajuda a retirá-lo de grupos de riscos. Está presente em 6.000 unidades de ensino no país.
Buscar soluções para a juventude brasileira é um caso de emergência. Temos hoje 35 milhões de jovens. Nada menos que 7 milhões estão desempregados e fora da escola. Sem presente e sem futuro, diz Werthein.
Na contramão, ele aposta no governo Lula. Fala com entusiasmo da Política Nacional de Juventude, que o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) lança até o final do mês.
Tomara que esteja certo. Até aqui, o governo Lula tem sido pródigo em lançar programas que simplesmente ficam patinando. Se o da juventude tiver destino parecido, o Brasil ficará cada vez mais distante de ser o tal país do futuro.


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