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INGREDIENTE NOVO
A eleição presidencial norte-americana deverá trazer uma
novidade neste ano: o peso da política externa no pleito tende a crescer.
O americano médio é pouco afeito a
questões internacionais. Historicamente, os EUA tenderam ao isolacionismo político. Os períodos de exceção praticamente confirmam a regra,
pois ocorreram quando não havia hipótese de Washington deixar de envolver-se nas lides mundiais. Foram
épocas como a Segunda Guerra
Mundial e os momentos mais agudos da Guerra Fria.
A prevalecer a avaliação dos especialistas, a atual campanha será a
mais "internacionalizada" desde a
reeleição de Ronald Reagan, em
1984. Era o final da contenda com a
União Soviética. Desta vez, o contexto é o da "guerra contra o terror",
mais particularmente as campanhas
do Afeganistão e, principalmente, do
Iraque. O saldo destas duas não é favorável ao presidente George W.
Bush, que disputa o segundo mandato com o democrata John Kerry.
Bush tem a seu favor uma economia que cresce há dez trimestres. Em
situações normais, isso bastaria para
reelegê-lo. Só que nada na Presidência de Bush foi normal, a começar do
contestado pleito que o levou à Casa
Branca. Depois vieram os atentados
do 11 de Setembro e as intervenções
militares no Afeganistão e no Iraque.
A rápida vitória sobre Saddam
Hussein levou os "falcões" que cercam o presidente à euforia, mas a alegria belicista não durou muito. Logo
ficou claro que as armas de destruição em massa usadas como pretexto
para a guerra não existiam. A forte
resistência iraquiana que se formou
após a queda do regime já custou a
vida a centenas de militares norte-americanos e escancara os erros de
estratégia da Casa Branca. Depois
ainda veio o escândalo das imagens
de soldados americanos torturando
iraquianos na prisão de Abu Ghraib.
Tudo isso, como é evidente, vai solapando o prestígio interno de Bush,
que já tentou vender a política externa como ponto forte de seu governo.
Embora o presidente concorra com
boas chances, estão distantes os
tempos em que seus índices de aprovação chegavam aos 90%.
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