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Jogo perigoso
O DITADOR norte-coreano
Kim Jong Il optou pelo jogo perigoso ao testar nos
últimos dias mísseis balísticos.
Ao lançar os artefatos -o novo
Taepodong-2 em tese é capaz de
carregar uma ogiva atômica até o
Havaí ou o Alasca-, Pyongyang
contrariou apelos até de aliados.
A reação não se fez esperar.
Uma reunião de emergência do
Conselho de Segurança da ONU
foi convocada e poderá aprovar
sanções contra a Coréia do Norte. Japão e Coréia do Sul já adotaram medidas retaliatórias em
âmbito comercial. Os mercados
mundiais viveram um dia de forte baixa por conta dos testes.
Em grandes linhas, a Coréia do
Norte pretende lembrar ao mundo que ela também é ameaça atômica e, com isso, tentar arrancar
algumas vantagens, a exemplo
do pacote de incentivos oferecido ao Irã pelas grandes potências
em troca da suspensão de seu
programa nuclear. Só que Kim
Jong Il pode ter errado na dose.
Para começar, o Taepodong-2
parece ter falhado. O míssil teria
explodido 40 segundos após o
lançamento, sinal de que Pyongyang ainda está a anos de tornar-se uma potência intercontinental. Os efeitos geopolíticos do ensaio, porém, são consideráveis.
Os testes tendem a deflagrar
uma reacomodação de forças
que pode contrariar os interesses da própria Coréia do Norte.
O Japão pode ver-se tentado a
ampliar suas defesas militares, o
que desagradaria à China, única
aliada formal de Pyongyang. Na
Coréia do Sul, os políticos que
defendem entendimentos com o
Norte se enfraquecem.
Kim Il Jong tem a seu favor o
fato de que o seu país, por ser o
mais isolado do mundo, é também o mais "imune" a sanções
econômicas, a única arma de que
a comunidade internacional dispõe para tentar enquadrar
Pyongyang. Daí que, por ora, parece mais razoável apostar numa
solução diplomática para a crise.
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