São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2010

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Editoriais

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Haddad e o Enem

O país deveria estar debatendo o Plano Nacional de Educação que o MEC promete enviar ao Congresso até o final do ano. Não é trivial -o ministro Fernando Haddad pretende reduzir os 295 objetivos do plano prolixo a 25 metas que a população possa memorizar.
Em lugar dessas prioridades, contudo, discute-se a sexta falha grave relacionada ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Haddad lançou uma série de projetos para pôr a educação pública brasileira nos trilhos. Um deles é transformar o Enem no filtro principal de acesso ao ensino superior, aposentando os famigerados vestibulares. Até o momento deu quase tudo errado, desacreditando uma iniciativa com méritos.
Em setembro passado, a divulgação de locais de exame indicava que alguns candidatos fariam a prova a até 50 km de suas casas. Pouco tempo depois, o jornal "O Estado de S. Paulo" noticiou o vazamento das questões da prova, impondo seu adiamento. Realizado o exame, divulgou-se um gabarito errado.
Em fevereiro, o MEC corrigiu notas erradas de 900 participantes. No mês seguinte, o sistema Sisu de colocação de candidatos em universidades federais convocava para matrícula candidatos não classificados. Agora, descobre-se que dados sigilosos de 12 milhões de estudantes ficaram desprotegidos e disponíveis na internet.
São falhas amadoras, inadmissíveis numa instituição como o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão do MEC encarregado do Enem). Quem administra os projetos e as expectativas dessa legião de jovens não pode cometer erros tão primários.
Tenha ou não havido má-fé, o Inep necessita de um choque de responsabilidade e reciclagem técnica. Substituir o presidente, como se fez em dezembro, não resultou suficiente para pôr fim ao descalabro. Haddad deve satisfações mais completas aos milhões de estudantes que entregaram seus dados e futuro à confiança do ministério que ele chefia.


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