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FERNANDO RODRIGUES
Partidos falidos
SÃO PAULO - Geraldo Alckmin foi
sincero na sabatina promovida pela
Folha ao dizer que o Brasil não tem
agremiações que possam ser chamadas de partidos políticos. O desânimo da campanha do PSDB é a
prova viva dessa afirmação.
Indagado se não se incomodava
com os apoios de tantos tucanos a
Lula nos Estados, Alckmin disse
que, no Brasil, a política é personalista, depende mais do candidato do
que das declarações a favor. É uma
forma de ver as coisas.
Ser candidato a presidente num
país com democracia estabelecida é
algo diferente. Mesmo o derrotado
tem a chance única de discutir e
propor políticas públicas. O partido
perdedor pode, numa campanha,
dar as diretrizes para cobranças nos
quatro anos seguintes.
Aqui, essa situação não existe.
Quando um candidato não emplaca
nas pesquisas, passa a ser tratado
por todos com ar de enfado. Não é
desdém. É economia de tempo.
Suas idéias e palavras não terão
conseqüência mais adiante.
É evidente que o PDT não se
transformará no partido da educação pós-derrota de Cristovam
Buarque. O PSOL não será a sigla do
socialismo igrejeiro depois que Heloísa Helena sair de cena. Nem o
PSDB encarnará o método alquimista e metódico de ser a partir de
2007. Cada um toma seu rumo. A fila anda. Em 2010, tudo de novo.
Alckmin fala em fidelidade partidária para reformar a política. Não
elabora sobre como debelar o caciquismo continuísta nas principais
siglas. O PT é de Lula. O PSDB é dos
paulistas. O PFL é, há 500 anos,
uma sesmaria dos mesmos mandatários. Do PMDB, é melhor nem falar. Fidelidade, nesse cenário, não
seria solução. Seria um pesadelo.
A Câmara fez sua parte. Derrubou o voto secreto no Congresso.
Agora é com o Senado.
frodriguesbsb@uol.com.br
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