São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Deus nos acuda

RIO DE JANEIRO - A liberdade de escolha de religião é mais sagrada do que o entendimento do papel dela na vida de uma pessoa. De acordo. Mas, quando os braços de uma determinada religião começam a abarcar causas mais do que terrenas -adquirindo redes de televisão, aviões, patrocinando campanhas e partidos eleitorais-, qual deve ser o papel do Estado?
A separação de igreja e Estado é um dos mais cultuados valores da democracia. Pode uma igreja dizer-se perseguida pelo Estado nos dias de hoje? Basicamente esse é o discurso dos políticos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, espalhados por partidos políticos como PRB e PP, entre outros.
A Igreja Universal em si goza de isenção de Imposto de Renda. Sofreu investigações diversas nas operações de compra de emissoras e de bens com dinheiro vindo de contas do exterior por prepostos seus. No momento em que políticos como o senador Marcelo Crivella, candidato a governador do Rio pelo PRB, aderiram à candidatura de Lula, foi arquivado ao menos um inquérito que investigava empresas ligadas à Universal.
Desde a semana passada, o repórter Raphael Gomide acompanhou cultos da Universal no Rio. Além de pedir votos para candidatos ligados à igreja e de acusar adversários de usar droga, uma característica comum a todos os cultos foi a forma como pediram dinheiro aos fiéis. "Quero ver quem traz agora uma nota de R$ 100", clamou um pastor.
Lula, que já foi chamado de diabo de barba por Edir Macedo, é agora seu aliado e pretende levar para o governo seus homens de fé. Está lá na edição desta semana da "Folha Universal": "Os grandes milagres da Fogueira Santa de Israel - Empresário superou dívida de R$ 5 milhões e hoje prospera". Tem gente com perfil mais técnico para o Ministério da Fazenda?


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