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Editoriais
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O ritmo da cultura
O
NOVO ministro da Cultura,
Juca Ferreira, havia
anunciado como primeira
medida de sua gestão o envio de
um projeto de lei para reformar o
principal mecanismo de fomento à cultura no país, a chamada
Lei Rouanet. Assim que tomou
posse, no último dia 28, recuou,
dizendo que abriria discussões
sobre o projeto. Melhor assim.
Desde o início da primeira gestão do presidente Lula, paira a
ameaça de uma reformulação radical no sistema. A opção pela
derrubada do modelo, felizmente até agora evitada, comprometeria um instrumento que, com
os seus defeitos e a sua necessidade de aperfeiçoamento, tem o
grande mérito de dificultar o
aparelhamento na cultura.
Os desembolsos pela Lei Rouanet já suplantam o orçamento do
ministério, que foi de R$ 836 milhões, em 2007. No mesmo ano, a
lei injetou em produções artísticas R$ 960 milhões, oriundos de
renúncia fiscal. Na gestão do ex-ministro Gilberto Gil, o montante aplicado na lei cresceu, mais
que dobrando o valor inicial de
R$ 430 milhões, de 2003.
Não resta dúvida de que um
debate aberto sobre o tema vai
apontar defeitos a ser corrigidos.
É preciso, por exemplo, aumentar os recursos para atividades
formadoras nas diversas modalidades artísticas. Além disso, é
necessário evitar que o dinheiro
flua para projetos que têm ampla
capacidade de se financiar no
mercado.
Uma das idéias na esfera oficial, no entanto, é criar como alternativa à Lei Rouanet um fundo no valor de R$ 1 bilhão que seria administrado pelo ministério
da Cultura. Seria um retrocesso.
Em vez de ameaçar a Lei Rouanet, seria mais produtivo que as
autoridades federais reconhecessem a sua efetividade e promovessem os aprimoramentos
necessários -por exemplo propiciando transparência, a fim de
melhorar a fiscalização sobre o
uso do dinheiro.
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