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ELIANE CANTANHÊDE
Caça ao vice
BRASÍLIA - O verbo da escolha do
vice é "agregar". Mulheres costumam escolher vices homens, vices
mulheres são benvindas, candidatos jovens procuram vices mais velhos, velhos optam por novos, pobres escolhem ricos, e vice-versa.
Se o candidato é forte no Nordeste, busca um vice do Sul. Se é no Sul,
inverte a direção. Se é de um partido pequeno, corre atrás de um vice
que possa trazer minutos na TV e
palanques nos Estados.
Nessa fase de pré-candidatos e de
pré-alianças, Dilma parece ter se fixado em Michel Temer, que "agrega" o PMDB. É o partido mais disputado, porque nunca tem candidato, mas tem uma penca de vices na
vitrine, ramificação nacional, as
maiores bancadas no Congresso e o
maior tempo de TV.
E Temer tem algo mais: é de São
Paulo, onde ficam Serra, favorito
nas pesquisas, e Orestes Quércia, líder do PMDB pró-tucanos. Pode
garantir a aliança formal com o
PMDB nacional, rachar de vez o
PMDB paulista e cutucar os tucanos na sua principal base.
No caso de Serra, o DEM lhe ofereceria os vices Kátia Abreu, José
Roberto Arruda e Rodrigo Maia,
mas sabe que todos lucram mais
com uma "chapa puro sangue", com
Aécio Neves na vice. Um tem São
Paulo, o outro tem Minas. Juntos
poderiam equilibrar a força de Lula
no Norte/Nordeste e no Rio, ainda
mais com a Olimpíada. Depende de
Aécio, que se faz de difícil.
Com Ciro, tudo é uma incógnita,
até a candidatura. Pode ser ao governo de São Paulo, pode ser a presidente -acertado com Lula ou
contra Dilma. O ideal seria Ciro
presidente, Carlos Luppi na vice,
puxando o PDT. Mas Luppi é
volúvel. Está entre Dilma, Ciro e
Marina.
Marina agrega valor à sua chapa
ao levar empresários para o PV e sinaliza que seu vice pode ser o ambientalista Guilherme Leal, da Natura, que reforça o que ela já tem de
forte: boa imagem, boa causa. Mas
sem palanques e sem tempo na TV.
É bonito, mas pouco para ganhar.
elianec@uol.com.br
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