São Paulo, segunda-feira, 06 de novembro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Prazo de validade

BRASÍLIA - Lula tem quatro anos pela frente. Mas o prazo de validade para o poder que recebeu das urnas é muito mais curto.
Por uma idiossincrasia do modelo político brasileiro, um presidente só tem o primeiro ano para trabalhar de maneira integral e tentar adotar suas políticas mais polêmicas. Depois, é ladeira abaixo.
O ano para Lula é 2007. Será quando, diz ele, tentará enviar ao Congresso uma reforma política.
Também será o momento de renovar sua política econômica para haver um crescimento mais robusto. Em setembro de 2007, os políticos já começarão a mudar de partido em preparação para as eleições nas 5.600 cidades no ano seguinte.
Em 2008, as disputas municipais tendem a paralisar o Congresso a partir de abril. Na administração federal, a pressão para liberação de verbas se torna infernal. É um ano em que dificilmente se aprova algo polêmico na Câmara e muito menos no Senado.
Em 2009, voltam dezenas de deputados amuados para Brasília, choramingando as derrotas sofridas nas cidades no ano anterior. Esse terceiro ano de mandato é o da entressafra. Por coincidências obscuras, tem sido quando surgem escândalos ou crises. FHC em 1997 teve a compra de votos da reeleição.
Em 2001, ainda os efeitos do apagão e o baixíssimo crescimento econômico. Lula sofreu em 2005 grande abalo com o mensalão.
Finalmente chega o último ano.
No caso de Lula, ele será um político a caminho da aposentadoria. A Constituição, por enquanto, impede a reeleição para um terceiro mandato. Em 2010 o mundinho político será dominado pelos conchavos para ungir o presidente em 2011. Ou seja, o prazo para a administração petista é 2007. Se nada de relevante ocorrer logo no primeiro semestre, o final será pífio.

frodriguesbsb@uol.com.br


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