São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Serra ou Alckmin e PFL: tudo a ver

SÃO PAULO - Serra ou Alckmin -quem entre os tucanos será o adversário de Lula? Precipitam-se e erram aqueles para quem a pergunta envelheceu. Serra hoje leva vantagem, mas o jogo está rigorosamente indefinido. As declarações de Cesar Maia a favor do prefeito paulistano têm óbvio impacto e alvoroçam a platéia, mas na prática pouco alteram o tabuleiro. O PFL deve se aliar ao PSDB em 2006 já no primeiro turno -com Serra ou com Alckmin.
O prefeito tem a seu favor as pesquisas de opinião, a projeção nacional, a influência no partido. Além disso, acena à noiva oferecendo-lhe o comando da cidade por quase três anos. É um belo dote. Tudo isso, no entanto, talvez não baste.
É preciso considerar que uma eventual derrota de Alckmin para Lula não inviabiliza nem abala seus planos de um dia vir a ser presidente da República. Já Serra estará jogando, muito provavelmente, a sua última cartada. Derrotado, será um perdedor reincidente; pior, alguém que abandonou a prefeitura um ano depois de assumi-la, tendo assinado o compromisso de não fazê-lo.
Serra terá 64 anos na data da eleição. Com 53, Alckmin teria à disposição uma vitrine mais vistosa. Está há praticamente 11 anos à frente do governo do Estado, cinco deles como titular, outros seis como vice de Covas.
Jovem, tecnocrático, carola, aparência de bom moço -o genro, como se diz, que um pai de família gostaria para sua filha, Alckmin veste como ninguém o figurino da caretice responsável. Tem a seu favor a maré da história, mais e mais conservadora. Um candidato de neodireita produzido em laboratório publicitário não estaria muito distante do seu perfil.
As elites são pragmáticas -apoiaram Collor, apóiam Lula-, mas hoje preferem Alckmin a Serra, complexo demais e confiável de menos. De fato, o governador talvez seja muito tímido, muito paulista para emplacar além da divisa com o Rio. Mas a estatura que porventura lhe falte não parece ser, na era da TV, politicamente tão letal quanto o açodamento que sobra ao seu rival no partido.


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