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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Serra ou Alckmin e PFL: tudo a ver
SÃO PAULO - Serra ou Alckmin -quem entre os tucanos será o adversário de Lula? Precipitam-se e erram aqueles para quem a pergunta
envelheceu. Serra hoje leva vantagem, mas o jogo está rigorosamente
indefinido. As declarações de Cesar
Maia a favor do prefeito paulistano
têm óbvio impacto e alvoroçam a
platéia, mas na prática pouco alteram o tabuleiro. O PFL deve se aliar
ao PSDB em 2006 já no primeiro turno -com Serra ou com Alckmin.
O prefeito tem a seu favor as pesquisas de opinião, a projeção nacional, a influência no partido. Além
disso, acena à noiva oferecendo-lhe o
comando da cidade por quase três
anos. É um belo dote. Tudo isso, no
entanto, talvez não baste.
É preciso considerar que uma eventual derrota de Alckmin para Lula
não inviabiliza nem abala seus planos de um dia vir a ser presidente da
República. Já Serra estará jogando,
muito provavelmente, a sua última
cartada. Derrotado, será um perdedor reincidente; pior, alguém que
abandonou a prefeitura um ano depois de assumi-la, tendo assinado o
compromisso de não fazê-lo.
Serra terá 64 anos na data da eleição. Com 53, Alckmin teria à disposição uma vitrine mais vistosa. Está há
praticamente 11 anos à frente do governo do Estado, cinco deles como titular, outros seis como vice de Covas.
Jovem, tecnocrático, carola, aparência de bom moço -o genro, como
se diz, que um pai de família gostaria
para sua filha, Alckmin veste como
ninguém o figurino da caretice responsável. Tem a seu favor a maré da
história, mais e mais conservadora.
Um candidato de neodireita produzido em laboratório publicitário não
estaria muito distante do seu perfil.
As elites são pragmáticas -apoiaram Collor, apóiam Lula-, mas hoje preferem Alckmin a Serra, complexo demais e confiável de menos. De
fato, o governador talvez seja muito
tímido, muito paulista para emplacar além da divisa com o Rio. Mas a
estatura que porventura lhe falte não
parece ser, na era da TV, politicamente tão letal quanto o açodamento que sobra ao seu rival no partido.
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