|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O bom e velho PFL
BRASÍLIA - O episódio do corregedor da Câmara, Edmar Moreira,
revelou os Democratas em grande
forma. Foi o bom e velho PFL em
ação. Diante da avalanche de acusações contra o dono do castelo, os
demos não titubearam: ficaram
sem fazer nada.
Edmar Moreira, filiado ao Democratas em Minas Gerais, foi apenas
convidado a renunciar ao cargo de
corregedor. Expulsá-lo ou suspender sua filiação, nem pensar. É a velha tática da pefelândia. Indignação
em público, pouca ação em privado
e muita fé na ação do tempo para
deixar as coisas como estão.
Por analogia, a atitude do PFL é
equivalente à de um banco ao descobrir um funcionário suspeito de
dar um desfalque. Em vez de afastar
o envolvido, sugere ao sujeito que
se demita espontaneamente.
Ninguém deve ser condenado
sem ter amplo direito de defesa, dirão os pefelistas -hoje autodenominados democratas. Quem defende esse argumento esquece a história e confunde política com Justiça.
Em 1997, dois deputados do PFL
foram flagrados vendendo seus votos. Era uma notícia de jornal. Não
havia processo judicial. O então cacique pefelista Luiz Eduardo Magalhães entrou na sala e perguntou
aos colegas: "Alguém aqui tem dúvida de que eles fizeram isso? Não?
Então vamos expulsá-los já". Fez-se política. Os deputados depois foram se defender na Justiça.
Dentro da Câmara, tudo se sabe.
Alguém tem dúvida de que Edmar
Moreira falou barbaridades (sobre
ser incapaz de julgar deputados
corruptos)? Faltam dados sobre as
dezenas de acusações empilhadas
contra ele? Se não há dúvida, também não há razão para o DEM -ou
outro partido- mantê-lo filiado.
Ao limitar sua ação à retórica, o
DEM-PFL mostra ter piorado com
o tempo. Na década passada, a sigla
mantinha as aparências. Quando
eclodia um escândalo, expulsava os
envolvidos. Agora nem isso.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: De imóveis e patins Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Matéria líquida Índice
|