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CLÓVIS ROSSI
De quem é o governo afinal?
MADRI - O PT ganhou as eleições de 2002, mas perdeu o governo que se
instalou como conseqüência delas. É
a única conclusão possível a extrair
da nota oficial do partido sobre o caso Waldomiro Diniz, ao menos no
trecho em que diz:
"Vamos trabalhar com afinco para
que o governo implemente as medidas necessárias para que 2004 marque o início de um novo e sustentado
ciclo de desenvolvimento econômico
e social do país, através de mudanças
na política econômica necessárias à
implantação e consolidação de todos
os nossos programas sociais, econômicos e administrativos".
Ou seja, o governo, supostamente
do PT, não está adotando uma política econômica capaz de implantar e
consolidar todos os programas sociais, econômicos e administrativos
do partido.
É esquisito. O presidente é do partido, o ministro da Fazenda é do partido, o chamado núcleo duro do governo é do partido e nem assim as políticas seguem os programas do partido?
Não seria o caso de reabilitar os mal
chamados radicais, expulsos porque,
entre outras coisas, diziam exatamente o que diz, tardiamente, a cúpula partidária?
Um segundo trecho torna ainda
mais clara a brecha entre partido-governo. Diz: "O PT é o partido do crescimento econômico, da distribuição
de renda, da geração de emprego e
da inclusão social".
Se o PT é assim, o governo não é,
porque não houve crescimento econômico no seu primeiro ano, não
houve geração de emprego e, se houve distribuição de renda, foi a favor
dos banqueiros, como o demonstram
todos os balanços já publicados.
Não é a única esquisitice na nota
do PT. Diz também: "Estamos seguros de que do ponto de vista político,
moral ou jurídico nosso partido não
tem nada a temer". Se é assim, não
há por que abafar a CPI e levar até
um político como o senador Pedro Simon (PMDB-RS), insuspeito de conspirar contra o PT, a dizer: "Triste o
destino do PT e triste o destino do
presidente Lula se ficar no seu governo o esqueleto dessa CPI não criada".
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