São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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CLÓVIS ROSSI

De quem é o governo afinal?

MADRI - O PT ganhou as eleições de 2002, mas perdeu o governo que se instalou como conseqüência delas. É a única conclusão possível a extrair da nota oficial do partido sobre o caso Waldomiro Diniz, ao menos no trecho em que diz:
"Vamos trabalhar com afinco para que o governo implemente as medidas necessárias para que 2004 marque o início de um novo e sustentado ciclo de desenvolvimento econômico e social do país, através de mudanças na política econômica necessárias à implantação e consolidação de todos os nossos programas sociais, econômicos e administrativos".
Ou seja, o governo, supostamente do PT, não está adotando uma política econômica capaz de implantar e consolidar todos os programas sociais, econômicos e administrativos do partido.
É esquisito. O presidente é do partido, o ministro da Fazenda é do partido, o chamado núcleo duro do governo é do partido e nem assim as políticas seguem os programas do partido? Não seria o caso de reabilitar os mal chamados radicais, expulsos porque, entre outras coisas, diziam exatamente o que diz, tardiamente, a cúpula partidária?
Um segundo trecho torna ainda mais clara a brecha entre partido-governo. Diz: "O PT é o partido do crescimento econômico, da distribuição de renda, da geração de emprego e da inclusão social".
Se o PT é assim, o governo não é, porque não houve crescimento econômico no seu primeiro ano, não houve geração de emprego e, se houve distribuição de renda, foi a favor dos banqueiros, como o demonstram todos os balanços já publicados.
Não é a única esquisitice na nota do PT. Diz também: "Estamos seguros de que do ponto de vista político, moral ou jurídico nosso partido não tem nada a temer". Se é assim, não há por que abafar a CPI e levar até um político como o senador Pedro Simon (PMDB-RS), insuspeito de conspirar contra o PT, a dizer: "Triste o destino do PT e triste o destino do presidente Lula se ficar no seu governo o esqueleto dessa CPI não criada".



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