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ELIANE CANTANHÊDE
Perdido por um, perdido por mil
BRASÍLIA - Não bastasse José Dirceu estar tão flagrantemente enfraquecido, vem o PT (o PT!) atirar contra
Palocci. Está tudo errado. Ou é burrice, ou masoquismo, ou má-fé. O PT
trabalha contra o governo, justamente no seu momento mais difícil.
Ao lançar documento cobrando
mudanças na economia, o que a Executiva Nacional do partido consegue
é ampliar a crise política para o todo.
Não sobra pedra sobre pedra.
O Lula das metáforas agora entra
mudo e sai calado, seja da Venezuela, seja de encontros casuais da rotina do Planalto, seja das solenidades.
Aliás, que solenidades? Aquela profusão de cerimônias, discursos, improvisos e cumprimentos parece ser coisa
do passado. De antes da sexta-feira,
13 de fevereiro, que revelou Waldomiro Diniz para o país.
Dirceu, o poderoso, mal foi nomeado por Lula chefe dos ministros, da
administração e dos programas do
governo. Mas anda sem tempo para
assumir as novas funções. Só cuida
da operação política, que deveria caber ao novo ministro Aldo Rebelo.
Pior: para evitar CPIs e tratar de salvar a própria pele do tiroteio dos
aliados, principalmente do PT.
Agora, vem o partido atacar a única coisa que parecia impermeável à
crise, que era Palocci, em dupla com
Luiz Gushiken. Sabe-se lá como os
mercados vão abrir amanhã. E sabe-se lá como os investidores internacionais estão vendo tudo isso.
Quando estourou a crise, Dirceu
avisou a Palocci e a Gushiken que
dispensava manifestações de solidariedade e pediu distância: "Deixa que
eu seguro, vocês não podem se contaminar". Eles atenderam direitinho. E
o núcleo duro já era.
Aparentemente, a turma política,
de José Genoino (presidente do PT) e
de João Paulo Cunha (presidente da
Câmara), resolveu sair em defesa de
Dirceu... atacando Palocci. Com aliados assim, pra que oposição?
Mas ela não está nada parada. Ao
contrário, a crise do governo rearticula a oposição. Se o PT vem quente,
PFL e PSDB vêm fervendo. No caldeirão, o tão jovem governo Lula.
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