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Depois do frenesi
MA DAS tarefas mais espinhosas com que o grupo
das 20 maiores economias do planeta se comprometeu foi o combate aos chamados
paraísos fiscais. "A era do segredo bancário chegou ao fim",
anunciou o comunicado da cúpula de Londres -em referência
ao sigilo absoluto que os paraísos
fiscais oferecem a quem faça negócios em seu território.
O primeiro meio para tentar
atingir o fim proposto pelo G20 é
a coerção política. A OCDE, que
congrega 30 países ricos, divulgou uma lista de países que não
cumprem padrões internacionais de troca de informações tributárias. Quatro deles (Uruguai,
Costa Rica, Malásia e Filipinas)
não haviam tomado nenhuma
atitude para enquadrar-se nesse
protocolo. Outros 38 não haviam
implantado procedimentos de
transparência já pactuados.
A simples divulgação da lista
bastou para o Uruguai comprometer-se com a prestação de
contas, sobretudo acerca de evasão fiscal. A "sanção moral", portanto, tem serventia, mas não será capaz de devassar, sozinha, os
rincões onde toda forma de dinheiro sujo encontra abrigo.
É preciso, sobretudo, formular
uma regulação capaz de lançar
luz sobre a miríade de transações
inovadoras surgida nas últimas
décadas. O Tesouro dos EUA,
por exemplo, pleiteia a criação
de uma agência específica para
controlar os fundos "hedge" (altamente especulativos) e outros
instrumentos financeiros "exóticos" que precipitaram a economia mundial na crise.
O plano da Casa Branca, enviado ao Congresso do país, prevê o
registro obrigatório dos fundos,
a abertura de informações, em
caráter confidencial, sobre grau
de endividamento e adequação
das garantias exigidas nas operações financeiras, por exemplo.
São regras básicas, às quais os
grandes bancos do planeta estão
sujeitos. Foram, contudo, alegremente ignoradas na fase do frenesi financeiro.
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