São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Editoriais

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À mesa com os EUA

TÊM SE movido na direção desejável as tratativas com os Estados Unidos acerca do direito concedido ao Brasil, pela Organização Mundial do Comércio, de retaliar os subsídios a produtores de algodão norte-americanos.
Segundo o entendimento do órgão multilateral, enquanto continuarem a vigorar os incentivos agrícolas irregulares o Brasil terá direito a compensações -seja por meio da sobretaxação de bens importados dos EUA, seja pela suspensão da proteção a patentes de empresas do país.
Em 2010, o valor total das retaliações poderia ultrapassar o montante de US$ 800 milhões. Cabe à OMC, a cada ano, calcular o tamanho da infração americana e os novos valores de sanção.
O governo tem protelado a adoção de medidas, enquanto busca forçar os EUA a entrarem em acordo. A estratégia trouxe resultados anteontem, quando os negociadores americanos fizeram suas contrapropostas.
Está na mesa a oferta da criação de um fundo de US$ 147 milhões anuais para ser usado pelos produtores de algodão brasileiros, o congelamento de parte dos incentivos aos exportadores do produto nos EUA e a abertura parcial do mercado americano à carne bovina brasileira.
Tudo somado, o Brasil receberia menos do que aquilo a que tem direito. O Itamaraty pode pressionar por ganhos maiores, mas não deve se guiar apenas pelo valor financeiro das sanções. Sua aplicação também traz embutido o risco de prejuízos para o país, na forma de contrarretaliações, ainda que disfarçadas.
Os norte-americanos temem sobretudo a possibilidade da aplicação inédita de sanções contra suas patentes. Criaria um precedente que em nada interessa ao governo daquele país.
São incomuns, para dizer o mínimo, as atuais possibilidades de barganha do Brasil com a maior potência econômica do mundo. É hora de negociar.


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