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Editoriais
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À mesa com os EUA
TÊM SE movido na direção
desejável as tratativas com
os Estados Unidos acerca
do direito concedido ao Brasil,
pela Organização Mundial do
Comércio, de retaliar os subsídios a produtores de algodão
norte-americanos.
Segundo o entendimento do
órgão multilateral, enquanto
continuarem a vigorar os incentivos agrícolas irregulares o Brasil terá direito a compensações
-seja por meio da sobretaxação
de bens importados dos EUA, seja pela suspensão da proteção a
patentes de empresas do país.
Em 2010, o valor total das retaliações poderia ultrapassar o
montante de US$ 800 milhões.
Cabe à OMC, a cada ano, calcular
o tamanho da infração americana e os novos valores de sanção.
O governo tem protelado a
adoção de medidas, enquanto
busca forçar os EUA a entrarem
em acordo. A estratégia trouxe
resultados anteontem, quando
os negociadores americanos fizeram suas contrapropostas.
Está na mesa a oferta da criação de um fundo de US$ 147 milhões anuais para ser usado pelos
produtores de algodão brasileiros, o congelamento de parte dos
incentivos aos exportadores do
produto nos EUA e a abertura
parcial do mercado americano à
carne bovina brasileira.
Tudo somado, o Brasil receberia menos do que aquilo a que
tem direito. O Itamaraty pode
pressionar por ganhos maiores,
mas não deve se guiar apenas pelo valor financeiro das sanções.
Sua aplicação também traz embutido o risco de prejuízos para o
país, na forma de contrarretaliações, ainda que disfarçadas.
Os norte-americanos temem
sobretudo a possibilidade da
aplicação inédita de sanções
contra suas patentes. Criaria um
precedente que em nada interessa ao governo daquele país.
São incomuns, para dizer o mínimo, as atuais possibilidades de
barganha do Brasil com a maior
potência econômica do mundo.
É hora de negociar.
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