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Fila injustificável
JÁ SUBMETIDO a atrasos e cancelamentos de vôos nos aeroportos, o brasileiro que viaja
ao exterior passou a enfrentar
intermináveis filas para a retirada do novo modelo de passaporte, em mais um dos aparentemente inesgotáveis casos de desrespeito ao contribuinte perpetrados pelo serviço público.
Desde que o novo documento
começou a ser emitido, em 13 de
abril, o cidadão que dele necessita se depara com longas filas para
ser atendido na Polícia Federal
de São Paulo. A espera começa
no início da madrugada e se arrasta durante o dia, como revelou reportagem publicada nesta
Folha sexta-feira.
Em outro efeito clássico, já
surgiram aproveitadores que
vendem facilidades -no caso, lugares na fila, ao custo de R$ 50 a
R$ 100, dependendo do tempo
de espera ainda restante.
Desnecessário ressaltar a ironia do fato de que esse comércio
é realizado às portas da Superintendência da Polícia Federal.
As autoridades tiveram tempo
mais do que suficiente para planejar a logística necessária ao
atendimento das solicitações do
novo modelo de passaporte -de
cor azul-, bem menos vulnerável a falsificações e adulterações
que o antigo. A mudança era esperada e atende a compromissos
internacionais assumidos pelo
Estado brasileiro.
Diante das filas, o órgão público decidiu expandir o horário de
funcionamento do setor responsável pela emissão do documento para até as 22h, mas está claro
que a medida é insuficiente.
A retirada de um novo passaporte é um procedimento inescapável para cidadãos que pretendem viajar ao exterior, e a taxa cobrada pela Polícia Federal
para sua emissão está longe de
ser irrisória: R$ 156,07.
Em um país que costuma subverter a lógica em tantas áreas,
nunca é demasiado repetir o óbvio: é obrigação do setor público
prestar serviços de maneira eficaz, sem submeter os contribuintes a situações indignas.
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