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FERNANDO RODRIGUES
2010 e Lula
BRASÍLIA - De todos os balões de
ensaio sobre 2010 surgidos até agora nos ares de Brasília, um deles é o
principal para clarear o cenário da
próxima eleição presidencial: o interesse real (ou não) de Lula em relação a eleger o seu sucessor.
Exceto Itamar Franco, todos os
presidentes brasileiros pós-ditadura militar fracassaram na tentativa
de fazer um sucessor. José Sarney
foi patético. Seu supostamente aliado Ulysses Guimarães recebeu humilhantes 4,4% dos votos em 1989.
Collor sofreu o impeachment. FHC
sucumbiu com José Serra -não se
sabe até hoje se o ex-presidente ficou feliz ou triste.
Itamar lançou o Plano Real. Pavimentou o caminho para FHC. Logo
em seguida, decepcionou-se com a
criatura. O ressentimento virou a
marca da relação entre ambos.
Lula, tudo indica, terá céu de brigadeiro até 2010 -dizem os oráculos da economia. Se assim for, poderia com facilidade anabolizar alguém para sucedê-lo. A história política é pródiga em exemplos de
transferência de votos. Maluf inventou Celso Pitta. Quércia fez
Fleury. Em certa medida, Itamar
criou FHC, ao nomeá-lo ministro
da Fazenda do Real. Todos esses
episódios têm um ponto em comum. Os pupilos, uma vez eleitos,
tornaram-se desafetos figadais dos
seus mestres.
Lula talvez tenha em mente esse
histórico negativo entre criadores e
criaturas. Vale a pena transferir votos para algum aliado e depois ficar
à mercê de um possível inimigo em
2014? "Cría cuervos y te sacarán los
ojos", diz o batido ditado espanhol.
Para o petista, interessadíssimo em
retornar ao Palácio do Planalto no
futuro, fazer um sucessor poderá
significar uma chance maior ou menor de êxito no momento de tentar
o terceiro mandato.
Temporão viu "arrogância" na
Merck, diz o "Painel". Aos poucos
surge o "Leitmotiv" da quebra de
patente do remédio anti-Aids.
frodriguesbsb@uol.com.br
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