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Trânsito: o PT não aprendeu nada
GILBERTO NATALINI
Ainda nesta semana a prefeitura completa a implantação do monitoramento via satélite dos ônibus da capital
A PROPÓSITO do PT e suas trapalhadas quando chega ao poder, têm razão os analistas políticos quando estabelecem paralelo
com os Bourbon, dinastia derrubada
pela Revolução Francesa, que, nas palavras de um contemporâneo, não esqueceram nada e nunca aprenderam
nada. Com Marta Suplicy, os petistas
administraram São Paulo por quatro
anos, instalaram o caos no trânsito da
cidade e, embora não tenham aprendido nada, querem agora dar lições,
como tentou nesta Folha o ex-secretário dos Transportes Carlos Zarattini ("Tendências/Debates", 20/3).
Ignoram que a economia aquecida
pela bendita herança do PSDB no governo federal se traduz, em nosso
trânsito, em mil veículos novos a
mais por dia, em mais caminhões
com carga circulando pela cidade, em
mais pessoas que tiram o carro da garagem para ir ao trabalho.
Em sua amnésia, apagaram até certas manchetes desta Folha: "Trânsito: conserto de semáforo tem só 40%
da equipe" (5/3/02); "Gestão Marta
tira R$ 207 mi do trânsito" (17/3/04);
"Improviso e congestionamento
marcam estréia de túnel e corredor
na Rebouças" (14/9/04)...
A cidade, felizmente, tem memória.
Quem vive em São Paulo se recorda
de que a CET foi sucateada pela gestão petista. Por falta de manutenção
do total de 692 veículos da frota da
empresa, 300 estavam perdidos no
início de 2005. Dos 392 restantes, 164
estavam enguiçados e 228 rodavam
em condições precárias. A situação
dos semáforos inteligentes era ainda
pior: apenas 140 funcionavam, de um
total de 1.256. Ao fim do governo do
PT, a CET sofreu sua pior crise, com
apenas R$ 312 mil em caixa, contra
compromissos previstos de R$ 4,3
milhões no mês seguinte.
Não há solução mágica para resolver os problemas de trânsito de São
Paulo. É notório que isso resulta de
longo período sem planejamento e
investimentos consideráveis.
O governo do PT, especialmente,
deixou muito a desejar. Não investiu
um único tostão no Metrô. Deixou
dezenas de obras inacabadas na cidade, tais como o prolongamento da Radial e a extensão da Jacu-Pêssego, na
zona leste, e os complexos Jurubatuba e Real Parque, na zona sul. Vangloria-se de ter feito corredores de ônibus, mas, na verdade, deixou inacabados a maioria deles. Nem mesmo concluiu o famigerado Fura-Fila.
A gestão José Serra/Gilberto Kassab priorizou a questão do transporte
público com ousadia e planejamento.
Uma das primeiras medidas foi transformar o Expresso Tiradentes em
realidade. Entregou dois trechos da
obra, que já beneficiam 42 mil pessoas/dia, e está terminando a fase
três, que chegará à Vila Prudente, para beneficiar 55 mil pessoas/dia. Colocou em licitação os trechos 4 e 5,
que levarão o corredor até Cidade Tiradentes. Quando essa obra estiver
concluída, 400 mil usuários serão
beneficiados.
Outros dois corredores estão em licitação. Um deles é o Celso Garcia,
com 25 km, ligando o Itaim Paulista
ao centro da cidade. Nesse trecho, todos os ônibus serão elétricos, para
melhora da qualidade do ar. O outro é
o corredor Berrini, interligado ao corredor Brooklin/Diadema. Mais sete
corredores estão sendo reformados e
recapeados, com o objetivo de facilitar ultrapassagens e diminuir os comboios que tanto travam o fluxo.
Ainda nesta semana a prefeitura
completa a implantação do monitoramento via satélite dos ônibus da capital, projeto fundamental para a gestão do transporte coletivo que foi
abandonado pela gestão do PT.
Com esse sistema, o usuário saberá
em quanto tempo seu ônibus chegará, quantos veículos estão naquela linha e também quanto tempo vai precisar para chegar ao seu compromisso, trazendo mais conforto e confiança no transporte público.
Os caminhões terão que respeitar
novas restrições de horários (das 5h
às 21h) para realizar carga e descarga
de mercadorias. Essas medidas fazem
parte de um conjunto de ações anunciado recentemente pelo prefeito.
Nos últimos três anos, 5.000 ônibus novos foram colocados nas ruas
para substituir boa parte da sucateada frota com mais de dez anos de uso.
A idade média dos veículos é de 4,7
anos, a mais nova da história da administração pública paulistana.
Uma outra mudança de paradigma
é a retomada do investimento no Metrô, que não recebia recursos municipais há três décadas. No mês passado,
a administração do prefeito Kassab
transferiu R$ 275 milhões para o governo do Estado gastar na obra da linha Santo Amaro-Chácara Klabin e
no projeto da linha Freguesia do Ó-Mooca. Até o final do ano, R$ 1 bilhão
será destinado ao Metrô.
Planejar e investir são palavras de
ordem da gestão atual e da pasta dos
Transportes. Vamos muito além das
chamadas soluções paliativas. Não há
efeitos mágicos que possam recuperar anos de inércia.
GILBERTO NATALINI, médico, é vereador (PSDB) e líder
da bancada tucana na Câmara Municipal de São Paulo.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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