SÃO PAULO - O Estado brasileiro está gangsterizado de várias formas e em diversos graus. Na periférica Rondônia, por exemplo, a cúpula dos Poderes caiu de podre. Temos noção remota do que se passa por lá. Mas o faroeste da corrupção patrocinado pelos comandantes do Estado e da lei nos faz recordar o tamanho da encrenca nacional.
Há muitos outros casos. Tome-se o Rio. O caderno Cotidiano no sábado mostrou que o Bope, a polícia de elite carioca, também já tem a sua trilha sonora, os chamados "proibidões" -funks clandestinos do tráfico que fazem a apologia da violência e das drogas. O blindado do Bope, apelidado Caveirão, agora sobe o morro com o alto-falante no último: "Homens de preto/ Qual é a sua missão?/ Entrar pela favela/ E deixar corpos no chão!/ Homens de preto/ O que é que você faz?/ Faço coisas que assusta o Satanás!".
O trecho do "Bonde do Caveirão", do qual já existem CDs piratas, é um exemplo vivo da pororoca brasileira entre cultura e barbárie.
Será exagero sugerir que lembra "Apocalypse Now"?
Em São Paulo, não consta que a PM de Saulo de Abreu seja musical. Mas, também no sábado, a Folha noticiou que policiais são suspeitos de integrar a rede de extorsão a perueiros na capital. Trata-se de achaque em escala industrial: em três anos, quase metade dos motoristas de lotação -mais de 2.200- deixaram a profissão, por medo ou expulsos pela máfia. Parte do transporte público é refém de gangues.
Tá tudo dominado ou não?
São exemplos de degradação do Estado, por ora ofuscados pelos sanguessugas, também parte do problema. A propósito deles, Lula agora descobriu que "o sistema está apodrecido". Faz assim a propaganda da sua reforma política.
Sábado, misturou de novo o quadro atual com o suicídio de Getúlio e a queda de João Goulart. Tudo "culpa do sistema", diz. Será o presidente apenas vítima de sua mixórdia mental ou também ele aposta na confusão em benefício próprio? Seja o que for, a podridão do PT também é parte do problema.


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