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PENÚRIA CIENTÍFICA
Vítima do ajuste fiscal, o CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
teve 45% de seu orçamento para este
ano cortado pelo governo federal. As
bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado, das quais milhares de estudantes e pesquisadores
dependem, estão sendo pagas, mas,
como consequência, o apoio a grupos de pesquisa foi sacrificado.
Os cortes mais significativos se deram sobre o Pronex (Programa de
Apoio a Núcleos de Excelência, que
abrange 206 grupos no país) e os Institutos do Milênio (15 redes de pesquisa de âmbito nacional, com dezenas de grupos cada uma), onde a situação é bastante precária.
Essa situação tem vários meses. Isso não impediu o governo federal de
anunciar, no mês passado, um pacote de incentivo à ciência e tecnologia
(C&T) que tinha como tônica a constância no fluxo de recursos.
Ninguém duvida de que a C&T, assim como a saúde e a educação, precisam de continuidade orçamentária. Esta Folha apoiou e apóia o pacote de incentivo divulgado em agosto.
É estranho, contudo, que o governo
anuncie uma coisa e faça outra. Na
proposta de Lei Orçamentária para
2003 apresentada pela administração
FHC -e já aprovada pelo Congresso-, proíbe-se o contingenciamento das verbas para a C&T. Ou seja, o
governo tira do próximo presidente o
recurso de que agora utiliza para adequar-se às metas de ajuste fiscal.
É claro que, quando a conjuntura
econômica é desfavorável, quase todos os setores que dependem de verbas oficiais sofrem. Não se espera
que o governo faça mágicas ou aja
com irresponsabilidade. Cortar é duro, mas tem de ser feito. Isso não
isenta, porém, a administração de
responder pelos seus erros. Não dá
para vender como obra da atual gestão o aumento de verbas para a C&T
quando, na verdade, os recursos empenhados são os da próxima administração, e o que se verificou de fato
no setor, pelo menos no final do
mandato, foi a penúria.
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