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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

As armadilhas de Bush

BRASÍLIA - Dois anos depois da explosão das torres gêmeas em Nova York, conclui-se que ninguém ganhou, todos continuam perdendo.
George W. Bush invadiu o Afeganistão e nem por isso encontrou ou destruiu Osama bin Laden, que anda por aí, feito alma penada, assombrando não só o presidente mas a população dos EUA com a possibilidade -bastante real- de novo atentado.
O mesmo George W. Bush se uniu ao primeiro-ministro Tony Blair para invadir o Iraque com o argumento de que o país de Saddam Hussein tinha armas químicas. Jurava que, liquidado o ditador, devolveria o país novinho em folha aos iraquianos.
O que se viu: não havia armas químicas. Os "documentos" dos órgãos de inteligência americanos e britânicos, encampados por Bush e Blair e exibidos para a opinião pública dos dois países e do mundo, eram fajutos.
Bush não liquidou o ditador, amarga as mortes de americanos durante e principalmente depois da guerra e não consegue entregar país nenhum a ninguém. Sua última tentativa é manter o comando das tropas, mas com o socorro internacional e da ONU -a mesma ONU que ele desdenhou ao invadir o Iraque.
O grande desafio de Bush agora, às vésperas das eleições americanas, é escapar da armadilha que armou até mesmo para ele mesmo. Como sair do Iraque? E como evitar a guerra civil? Além de derrubar Saddam, Bush não preparou o "day after". O futuro do país e das forças dos EUA e do Reino Unido em Bagdá é uma inquietante interrogação internacional.
O 11 de Setembro, portanto, deixa marcas profundas nos países envolvidos, no multilateralismo e no presidente da maior potência. Até agora, não gerou nada de positivo.
O ataque à sede da ONU no Iraque não só matou o brasileiro Sérgio Vieira de Mello como comprovou algo doloroso: os Estados Unidos estão vencendo a batalha contra o sistema multilateral, mas estão perdendo a guerra contra o terrorismo.


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