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CLÓVIS ROSSI
A pátria e suas Forças
MUNIQUE - Dia da Pátria, lançamento do Plano Estratégico de Defesa Nacional. Não é um bom momento para iniciar a discussão sobre o papel das Forças Armadas em
um país como o Brasil?
Quando terminou o ciclo militar,
em 1985, alguns analistas, inclusive
militares, chegaram a falar em uma
crise de identidade, o que é compreensível (se é ou não real é outra
história).
Compreensível pelo seguinte:
1 - Defender o território contra
um ataque externo seria a tarefa
principal das Forças Armadas. Mas
elas não estão preparadas para fazê-lo se o inimigo for um país desenvolvido ou mesmo potências
médias como China ou Índia. Não
têm equipamento (e guerra, hoje, é
essencialmente uma questão de
equipamento).
Nem têm treinamento adequado,
em parte como decorrência da falta
de equipamento.
Poderiam, sim, defender a pátria
dos vizinhos, cujas Forças Armadas
estão igualmente sucateadas, mas a
hipótese de um conflito com eles
soa a alucinação quando todos os
esforços vão no sentido inverso, o
da integração.
2 - Defender o território contra o
que já se chamou de "inimigo interno" caiu de moda, felizmente, aliás.
Um belo naco do que, antes, era
considerado "inimigo interno" está
hoje no governo e não se implantou
o comunismo. Ao contrário, aliás,
bem ao contrário.
3 - Vigiar as fronteiras continua
sendo uma missão fundamental,
mas há incontáveis indícios de que
elas são extremamente porosas ao
tráfico de drogas e de armas.
Parece lógico que, para trancar
melhor as fronteiras, as Forças Armadas precisam de mais equipamento, de mais treinamento e de
reforço do sistema de inteligência, o
que acaba levando à pergunta que
não quer calar e que o ministro Nelson Jobim ressuscitou faz pouco:
cabe a atuação das Forças Armadas
na segurança interna?
crossi@uol.com.br
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