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ELIANE CANTANHÊDE
Fidelidade no bordel
BRASÍLIA - Quando o PMDB tira
Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon
de qualquer comissão no Senado, o
bem está perdendo para o mal. Jarbas e Simon estão na origem do
MDB e do PMDB, na sua história de
lutas e de construção. Foram trocados pelos éticos e famosos quem?
É assim que o maior partido do
país se transformou no principal
símbolo da falência partidária, da
fragilidade da representação parlamentar e da descrença da sociedade
brasileira em seus políticos e no
Congresso Nacional.
Foi nesse contexto que o Supremo Tribunal Federal enveredou na
semana passada pela seara legislativa e fez o que o Congresso se recusa
a fazer: deu um clique na fidelidade
partidária. Quem mudar de partido
perde, ou pode perder, o mandato.
A decisão do Supremo merece
aplausos. Não há quem possa discordar da medida, do objetivo moralizante e da necessidade de fortalecer os partidos. Mas, passada a
festa, vem a realidade: como exigir
fidelidade em bordel, quando ninguém é de ninguém?
No rol dos que mudaram de partido, chama atenção a quantidade
dos que aderiram ao PR. Uns 20.
Por que será? Por "ideologia"? O PR
é a fusão de PL com Prona e de Valdemar da Costa Neto (que renunciou ao mandato e voltou pelo voto
depois) com Enéas Carneiro (do
"Meu nome é Enéas!", que morreu).
Obviamente, quem saiu de qualquer partido para entrar no PR não
quer ouvir falar de programa, de fidelidade partidária nem de fidelidade a coisa nenhuma.
A fidelidade partidária é uma cobrança antiga, para tentar um mínimo de compromisso dos parlamentares e reduzir o mercado de compra e venda. Mas isso é uma parte
da história. Sem reforma político-eleitoral, a origem dos vícios fica, a
representação parlamentar continua ladeira abaixo. Mais do que Jarbas e Simon serem fiéis ao PMDB, o
PMDB é que deveria ser fiel a eles. E
a ele próprio.
ecantanhede@uol.com.br
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