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A ALCA FLEXÍVEL
O chanceler Celso Amorin e
Robert Zoellick, representante
norte-americano de comércio exterior, devem encontrar-se hoje para
tentar desatar o nó das negociações
em torno da Área de livre Comércio
das Américas (Alca). Como se sabe,
Brasil e Estados Unidos têm encontrado dificuldades para levar adiante
os entendimentos, cujo cronograma
prevê o funcionamento do novo bloco comercial já em 2006.
Acusado por alguns de intransigência, o Itamaraty, na realidade,
tem procurado defender com firmeza os interesses brasileiros numa
questão cujos desdobramentos prometem ser fundamentais para futuras pretensões do país. Não se trata
de reavivar slogans surrados ou de
professar um antiamericanismo ingênuo e estéril. O fato é que a formação de uma área de livre comércio envolvendo inúmeros países e a economia mais poderosa do planeta deve
merecer especial atenção quanto aos
interesses nacionais.
As visões expostas por Amorim às
vésperas da viagem parecem bastante razoáveis. O projeto que designa
de "Alca flexível" implica a criação de
uma base comum de livre comércio,
com a qual todos os países estariam
de acordo, deixando para os chamados "temas sensíveis" a possibilidade de acertos bilaterais. A perspectiva
é sensata, já que alguns assuntos de
importância estratégica para o Brasil
-como a margem de manobra para
políticas industriais- simplesmente não existem para países que pouca
ou nenhuma base industrial possuem, podendo eles, portanto, facilmente transigir nessa área.
Há, de fato, propostas inaceitáveis
formuladas pelos EUA, que -registre-se- foram os primeiros a retirar
da mesa seus temas sensíveis. Desejam os norte-americanos, por exemplo, que suas empresas instaladas no
Brasil possam acionar judicialmente
o governo em tribunal internacional
caso sintam-se prejudicadas quanto
a seus direitos -um pleito, convenhamos, de difícil aceitação.
Importa, no entanto, que o entendimento entre os países da região
prevaleça. Se tem a perder, o Brasil,
assim como os demais envolvidos,
tem também a ganhar com a Alca. E,
embora difícil, um bom acordo ainda parece ser possível.
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