UOL




São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A ALCA FLEXÍVEL

O chanceler Celso Amorin e Robert Zoellick, representante norte-americano de comércio exterior, devem encontrar-se hoje para tentar desatar o nó das negociações em torno da Área de livre Comércio das Américas (Alca). Como se sabe, Brasil e Estados Unidos têm encontrado dificuldades para levar adiante os entendimentos, cujo cronograma prevê o funcionamento do novo bloco comercial já em 2006.
Acusado por alguns de intransigência, o Itamaraty, na realidade, tem procurado defender com firmeza os interesses brasileiros numa questão cujos desdobramentos prometem ser fundamentais para futuras pretensões do país. Não se trata de reavivar slogans surrados ou de professar um antiamericanismo ingênuo e estéril. O fato é que a formação de uma área de livre comércio envolvendo inúmeros países e a economia mais poderosa do planeta deve merecer especial atenção quanto aos interesses nacionais.
As visões expostas por Amorim às vésperas da viagem parecem bastante razoáveis. O projeto que designa de "Alca flexível" implica a criação de uma base comum de livre comércio, com a qual todos os países estariam de acordo, deixando para os chamados "temas sensíveis" a possibilidade de acertos bilaterais. A perspectiva é sensata, já que alguns assuntos de importância estratégica para o Brasil -como a margem de manobra para políticas industriais- simplesmente não existem para países que pouca ou nenhuma base industrial possuem, podendo eles, portanto, facilmente transigir nessa área.
Há, de fato, propostas inaceitáveis formuladas pelos EUA, que -registre-se- foram os primeiros a retirar da mesa seus temas sensíveis. Desejam os norte-americanos, por exemplo, que suas empresas instaladas no Brasil possam acionar judicialmente o governo em tribunal internacional caso sintam-se prejudicadas quanto a seus direitos -um pleito, convenhamos, de difícil aceitação.
Importa, no entanto, que o entendimento entre os países da região prevaleça. Se tem a perder, o Brasil, assim como os demais envolvidos, tem também a ganhar com a Alca. E, embora difícil, um bom acordo ainda parece ser possível.


Texto Anterior: Editoriais: BOA NOTÍCIA DO IPCA
Próximo Texto: São Paulo - Marcio Aith: Ciclo eleitoral
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.